Paulistano, protestante, palmeirense fanático, apaixonado por esporte e história. Vem comigo.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

AS COPAS QUE EU VI - 1994

Em 1990, eu era muito novo. Me lembro vagamente do jogo, que o Brasil foi eliminado pela Argentina, lembro do meu pai ter batido o carro(um Corcel II 1985), na Estrada da Barreira Grande, na amável zona de leste de São Paulo.
A minha 1ª Copa, de fato, foi em 1994. Acompanhava futebol, assistia jogos, já torcia para um time. E aguardava ansiosamente para ver aquela competição que tantos falavam. Na rua, aonde eu morava, a
simbiose era incrível. Pintavam e decoravam as ruas. E o momento tão esperado, era o dia 17 de junho.
Eu vi Klinsmann marcar o único gol daquele Alemanha 1-0 Bolívia. Dias mais tarde, eu pude ver um jogador, tão falado pelas pessoas mais próximas, aliás, foram os dois únicos jogos que vi desse jogador. Não vi mais, porque ele foi expulso da competição, na época, eu não entendia muito, e lamentei demais. Claro, estou falando dele, Diego Armando Maradona. Após a saída dele, eu conhecia um outro camisa 10, virtuoso e clássico. Que eliminava, a própria Argentina, já sem Maradona. George Hagi, líder daquele belo time da Romênia.
Vi uma zebra chamada Bulgária, que eliminava uma Alemanha que dava prazer em ver jogar. Eu também vi um goleiro chamado Preud'homme, que além de fazer milagres debaixo da meta, marcou uma cena na derrota de sua Bélgica, para Alemanha. Quando a partida estava em 3-2, surgi um escanteio para os belgas, e o goleirão Preud'homme vai para área, para tentar o cabeceio. Embora, sem sucesso.

Outro time marcante, era a Suécia, daquele único jogador que não era loiro, Martin Dahlin, que jogava com latino-americano. Do goleiro Thomas Ravelli e suas extravagâncias, e do centroavante chamado por grandalhão pelo narrador Galvão Bueno, Kennet Andersson que comemorava gols, com as mãos em sinais de arma.
Em casa eu ouvia meus familiares se queixando e ansioso para ver o Brasil campeão, pelo fato de estar 24 anos sem ganhar a Copa. Para mim, que estava só começando e não tinha vivido aquela fila, estava aproveitando cada dia daqueles 30 dias.
E assisti cada jogo do Brasil, vi Bebeto e Romário se completarem, Leonardo agredir Tab Ramos, perder sua vaga para Branco, e o lateral decidir o jogo contra a Holanda.

 E o Brasil encerraria aquele longo jejum, contra uma Itália que foi se erguendo durante o torneio, sobre a mística e um craque chamado Roberto Baggio, que ficaria marcado pelo último lance daquele Mundial.

20 anos se passaram, e eu ainda desfruto da memória, daquela criança que jogava SuperNintendo, que usava um relógio digital, e que começou a se apaixonar pelo maior espetáculo esportivo do planeta.

Em 1998, ganhei de presente do meu falecido tio Osvaldo. Uma fita VHS, com o filme "Todos os Corações do Mundo". Presente que guardo, até os dias de hoje. 

terça-feira, 22 de abril de 2014

20 ANOS, SEM O ENCANTO DE DENER...

No último dia 19, deste mês, infelizmente foi marcado por duas décadas da trágica e prematura morte de um grande talento do futebol brasileiro, o garoto Dener, que tinha somente 23 anos, quando se foi.
Dener se tornou um eterno garoto, daqueles que nasce com a especialidade de jogar e encantar com o seu futebol moleque e irreverente.
 Aos 12 anos, ainda muito garoto, ele foi para o Canindé(lugar que se tornaria especial em sua vida) para defender o time mirim da Portuguesa. Só que como era órfão de pai, abandonou a carreira, para ajudar sua mãe no sustento da casa, mas por destino, retornaria a sua carreira em 1988, na própria Portuguesa. 
Em 1991, despontaria para o cenário nacional, na disputa da Copa São Paulo de Juniores, time na qual contava com Sinval, Tico e a genialidade do próprio Dener. A partir dali, Dener marcaria a mente dos torcedores, principalmente os da Portuguesa, com dribles e gols inesquecíveis. Como um marcado contra a Inter de Limeira, em 1992; e outro marcado contra o Santos, em 1993. Ele também já alcançava até participações na seleção brasileira e até era elogiado por Pelé, que o apontava como sucessor de seu trono. 
Porém, Dener que dizia que preferia driblar, ao invés de fazer gols, ele sofria por não estar em um time competitivo e só vivia por deslumbramentos de grandes jogadas. Foi emprestado ao Grêmio, em meados de 1993, mas seu futebol lá não evoluiu, apesar de ter sido campeão gaúcho. Ele retornaria para Portuguesa para disputar o Campeonato Brasileiro, daquele mesmo ano. E no ano seguinte, seria emprestado ao Vasco.
Dener chegava em São Januário e participava da campanha que viria ser o tri-campeonato estadual do Vasco. Porém em abril de 1994, ele despertava o interesse do clube alemão Stuttgart, aonde chegou a se reunir em São Paulo, com dirigentes do clube, para tratar de uma transferência que iria acontecer meses mais tarde. Não aconteceu.
Dener regressava ao Rio de Janeiro, após essa reunião e chegando próximo a Lagoa Rodrigo de Freitas, seu carro se chocaria com uma árvore. Dener estava no banco do carona, seu amigo Oto Gomes era quem dirigia. Dener dormia com o banco reclinado e com o cinto de segurança atravessado próximo ao pescoço, com impacto do acidente, o cinto provocou o esmagamento da laringe, o que resultou no sufocamento e causou sua morte. 



Dener morreu aos 23 anos, deixou uma viúva, Luciana Gabino, com três filhos. A qual teve que enfrentar inúmeras batalhas judiciais para receber o seguro da morte do marido. 

Dener se foi muito cedo. Poderia muito bem ter escrito ainda mais seu nome na história do futebol brasileiro, com aquela alegria de moleque. Prematuramente foi impedido e entrou para história para eternamente ser lembrado pelos dribles e belos gols. Que descanse em paz. 

Abaixo um vídeo, do noticiário do Jornal Nacional, sobre a morte do Dener:


segunda-feira, 14 de abril de 2014

A TRAGÉDIA QUE COMPLETA 25 ANOS E QUE MUDOU O FUTEBOL INGLÊS...

Era um sábado a tarde do dia 15 de abril de 1989, na cidade de Sheffield. Precisamente em um lugar que ficaria marcado para o resto da história mundial, e para um marco do futebol inglês, um estádio por nome de Hillsborough.
Naquela tarde, Liverpool e Nottingham Forest se enfrentariam por uma partida das semi-finais da Taça da Inglaterra. Tinha tudo para ser uma partida, que ficaria marcada somente pelo futebol apresentando dentro de campo, porém não foi.
A começar pela escolha do estádio. Hillsborough era um dos poucos estádios ingleses que poderiam receber um jogo daquela proporção. Mas era muito utilizado em jogos decisivos, e também era antecedente de um ocorrido que houve em 1981, em uma partida entre Tottenham vs Wolverhampton, em que teve 38 feridos. Mesmo assim, era o estádio para o jogo daquela tarde.
Os problemas começaram muito antes do jogo começar. O policiamento resolveu dividir o estádio para receber as duas torcidas, como era de costume. Porém o erro cometido, foi colocarem a menor torcida a do Nottingham Forest, em um setor maior, do que destinado ao Liverpool, que tinha bem mais torcedores.
A situação foi ficando pior, quando noticiava congestionamentos e torcedores sem ingressos causando tumultos nas entradas.

 Aproximadamente 5.000 torcedores, que estavam do lado de fora, tentavam passar nas catracas, com o estádio já tomado. A polícia temendo um acidente na parte exterior, permitiu a abertura de alguns portões, que no caso eram saídas(não possuíam catracas) que foi crucial para a superlotação. O resultado que com o fluxo de milhares de torcedores, eram visíveis o número de torcedores pressionados contra grades. Outros pulavam os alambrados, temendo a morte por esmagamento.
Essas imagens eram ofuscadas pelas jogadas de ataque do Liverpool, que naquela altura, já teria acertado o travessão. Mas aos 6 minutos, do tempo inicial, a polícia temendo ainda mais o pior, comunicou o árbitro Ray Lewis que pararia o jogo.





Aumentava-se o número de torcedores que invadiam o gramado, ambulância já era chamada. E com o passar das horas se notificava "A Trágedia de Hillsborough" estava confirmada com 766 feridos e 96 mortos, por pisoteamento, todos torcedores do Liverpool.

O Polêmico Relatório Taylor

Um anos após a tragédia, o governo britânico publico um relatório oficial, conhecido por Relatório Taylor, desenvolvido pelo Lorde Taylor de Gosforth. O relatório pregava, algo que mudou o futebol inglês, todos os estádios teriam que ter assentos numerados de acordo com o bilhete de cada de torcedor e uma séria de itens como a venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios, e o fim de alambrados. 
Por fim, quase todos estádios do Reino Unido, se adequaram ao relatório. 
Mas a controvérsia do polêmico relatório, foi que a polícia, a provavelmente culpada pela tragédia, ficou ilesa de acusações. A punição foi aos torcedores do Liverpool. E essas acusações teriam grande influência de um grande nome da época, a Dama de Ferro, a primeira ministra britânica Margaret Thatcher. 

3 semanas após a tragédia, no dia 7 de maio, a partida foi reiniciada. Desta vez o jogo foi realizado no Old Trafford e vencida pelo Liverpool, por 3-1. 

O acontecimento fez com que a UEFA banissem os clubes ingleses das competições continentais. E o Liverpool, já era banido, devido a Tragédia de Heysel, na final da Copa dos Campeões da Europa de 1985. 

25 anos se passaram, o futebol inglês mudou. Mas até hoje inúmeras homenagens são feitas. E sede de justiça de parentes dos 96 mortos, segue firme, junto com a dor a saudade. 



Abaixo, um vídeo que mostra o quanto aquele 15 de abril, foi marcado por luto:




terça-feira, 8 de abril de 2014

UMA HISTÓRIA MUDADA EM 3 MINUTOS.

O ano era 1999, precisamente o dia 26 de maio, uma quarta-feira na cidade de Barcelona, que receberia aquele dia a grande final da Liga dos Campeões, da temporada 1998/1999.
De um lado o Bayern de Munique do treinador Ottmar Hitzfeld, do experiente Matthäus, Kahn, Basler e Jancker. De um outro lado o Manchester United, do lendário Alex Fergunson, David Beckham, Giggs e do goleirão Schmeichel. Dois times poderosos, que já haviam se enfrentado naquela competição, pela fase de grupos. Empate de 2-2, em Munique. E 1-1, em Manchester.
Eu era um garoto, na época, que desde então gostava muito de futebol. Assistia aquela decisão, pela Tv Cultura. Naquele mesmo dia, só que a noite, o Palmeiras enfrentaria o River Plate, no jogo de volta, pela Libertadores da América. Além do motivo de querer ver aquele jogaço, naquela tarde. Eu queria saber, quem seria o possível(e de fato foi) adversário do Palmeiras, na final do Mundial de Clubes, no final daquele ano.
Havia uma grande festa antes da bola rolar no Camp Nou, com a presença da gloriosa voz da Montserrat Caballé. E quando a bola rolou, Basler cobrando falta no canto esquerdo do goleiro Schmeichel abriu o placar.
A torcida bávara incendiava o Camp Nou. O time alemão ainda teria mais duas chances para ampliar e matar o jogo, mas parariam na trave. Vendo a cena de situação do jogo, brilha a estrela de Alex Fergunson, que colocaria os atacantes Sheringham e Solskjaer, antes que o árbitro Pierluigi Collina determina-se os 3 minutos de acréscimo ao final da partida.
Apenas 3 minutos afastavam, o título do Bayern de Munique e de sua torcida que cantava de forma vibrante no Camp Nou. Até aquele escanteio cobrado por Beckham, aos 46 do 2º tempo, que levaria Schmeichel para área. Ele teria uma leve participação, em um lance em que Sheringham empataria o jogo. Incrédulos, os jogadores e torcedores do Bayern, ainda veriam Beckham cobrar outro escanteio, que contaria com um desvio e terminaria nos pés de Solskjaer que mandaria paras as redes.

Eu vendo o jogo, fiquei sem crer no que via. Não era possível, um time perder um título em 3 minutos. Me coloquei no lugar daqueles torcedores alemães que choravam copiosamente, também sem acreditar no que viam.

O Manchester United se sagrou campeão. A maior virada que vi na minha vida, de um time sobre outro.
Depois de algumas horas, quando contava para o meu irmão a história do jogo, percebi que contava um capítulo que sempre seria lembrado por quem viu aquele jogo histórico.



Após esse jogo. Manchester United e Bayern de Munique voltaram a se enfrentar mais sete vezes pela Champions League.
Nas quartas-de- finais da temporada de 2000/2001. Aonde os bávaros eliminaram o Manchester, com duas vitórias(0-1, 2-1).
Na fase de grupos da edição 2001/2002. Aonde houveram dois empates(1-1, 0-0).
Novamente pela quartas-de-finais, desta vez na edição 2009/2010. E novamente com o Bayern de Munique passando, com uma vitória na Allianz Arena(2-1), e uma derrota no Old Trafford(3-2).
E na última semana, quando ambos empataram em 1-1, em jogo realizado no Old Trafford.

Amanhã será o jogo decisivo na Allianz Arena. E tudo é possível nesse confronto, que já foi decidido um grande título, em apenas três minutos.

Abaixo um vídeo, aonde mostra um trecho do que foi esse jogo:


domingo, 8 de dezembro de 2013

ENREDO DE CINEMA...

O ano era 1995, mas precisamente no mês de junho. Quando parte do mundo olhava para a África do Sul. Por dois motivos, um era a terceira edição do  Mundial de Rugby, que seria disputada no país africano. E o outro era que isso ocorria dentro do mandato do presidente Nelson Mandela, um dos maiores líderes de toda humanidade.
Antes do Mundial, Mandela enfrentava os problemas pós-Apartheid, como o crime e a pobreza crescendo de forma rápida. Mesmo em meios de grandes problema no país, o presidente percebe em um jogo, que os negros torcem contra a seleção de seu país, pelo fato dela ainda representar o Apartheid. E ele assume que fazia o mesmo durante o período preso em Robben Island. Mas ele entende que o tempo de torcer contra o próprio país estava encerrado, principalmente por estar às portas de um Mundial. Mandela, também foi informado pelo boicote que muitos faziam sobre a seleção e pessoalmente interviu isso, alegando que os jogadores representavam a sua pátria. A idéia era apoiar o país anfitrião, com a intenção de unir a nação.
E foi para isso que ele resolveu chamar o capitão do time, François Pieenar. Em uma longa conversa, Mandela fez o entender de que o time poderia se esforçar mais, se unir, fazer a população negra que torcia contra, torcer a favor. Pediu que o time fosse ensinar o esporte nas comunidades carentes, e o último pedido, foi para que a equipe desacreditada, se tornar-se campeã.
Desde então aquele time questionado, sem apoio, começava a inverter os papéis iniciais. Mais unido e com apoio popular, a equipe do capitão Pieenar começava a ganhar confiança e respeito.
Na estréia do Mundial, os Springboks, como é chamado a equipe sul-africana, enfrentaria a poderosa Austrália. Porém, um dia antes, Mandela visitaria o último treino da seleção e entregaria em mãos a Pieenar, o poema "Invictus" de William Ernest Henley. Poema que o próprio Mandela lia na prisão e foi ele quem inspirou o presidente a ser o que se tornou:"...Não importa quão estreito o portão, quão repleta de castigo a sentença, eu sou o senhor de meu destino, eu sou o capitão de minha alma..."
Esse poema também inspiraria Pieenar a liderar o time naquele Mundial e se tornar o principal jogador da equipe. Na estréia, o time venceria a Austrália, por 27-18, deixando a torcida orgulhosa pelo feito. Encerraria a 1ª fase, vencendo a Romênia e o Canadá. Nas quartas venceria a Samoa Ocidental e nas semis a França. Chegaria nas finais para enfrentar a temível Nova Zelândia, os populares All Blacks, do grande jogador Jonah Lomu, a quem todos tinha medo, pelo forte porte físico e por ser o grande destaque do torneio.
Dias antes da grande decisão, os jogadores dos Springboks resolveram visitar a prisão de Robben Island, desejo de Pieenar. E o jogador viu a cela aonde Mandela ficou por 27 anos, a pedreira aonde ele trabalhou, e se perguntou:"Como alguém pode ter vivido aqui por 27 anos e sair para perdoar as pessoas que o colocaram lá?".
Na decisão, Mandela vai ao gramado do Ellis Park e cumprimenta todos os jogadores das duas seleções, inclusive Jonah Lomu, a quem confidencia:"Meu país teme você."
Durante a decisão, a África do Sul se supera, com uma marcação forte e focada na decisão o time consegue anular Jonah Lomu e de forma épica vence os All Blacks, por 15-12, na prorrogação. Em um cenário perfeito como um enrendo de um filme, toda nação comemoraria aquele título de forma inesquecível.
Mandela entregaria o troféu do torneio para o capitão Pieenar, marcando historicamente aquela cena.


A questionada e conturbada seleção, se uniria e venceria o Mundial, a conselho de um líder que mudou o país, e que emplacou na humanidade o seu nome.
Nelson Mandela, faleceu na última quinta-feira, mas nos proporcionou inúmeras histórias de superação. A começar pela sua própria história, como já dita aqui. Prisoneiro por 27 anos, lutou contra o Apartheid, se tornou presidente do seu país, perdoou seus acusadores e provou ao mundo que a melhor forma de vencer as diferenças, é viver em união. 

Para registro, o filme "Invictus" de 2009, do diretor Clint Eastwood e interpretado pelos atores Morgan Freeman e Matt Damon relata muito bem a história da Copa do Mundo de Rúgbi de 1995. 

O vídeo abaixo, mostra o momento que Nelson Mandela entrega o troféu Webb Ellis a François Pieenar:




domingo, 1 de dezembro de 2013

O ESPORTE E SUA LUTA CONTRA À AIDS

Hoje, 1º de dezembro é conhecido internacionalmente como Dia Mundial do Combate à AIDS. E como o blog é ligado a contar histórias relacionadas do esporte, contaremos nesse texto, duas histórias que dois atletas que vivenciaram parte de suas carreiras com o vírus HIV.
Todos já devem ter ouvido falar de um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, com cinco títulos da Nba, e por três vezes eleito melhor jogador. Trata-se de Earvin Johnson Jr, ou o popular conhecimento Magic Johnson.
Com uma carreira muito vitoriosa e com uma técnica sem igual, Magic Johnson entrou para o Hall da Fama do Basquete Mundial. Talento nunca faltou para um armador que improvisa jogadas e fazia os torcedores do Lakers irem ao delírio. Até o dia 7 de novembro de 1991, quando surpreendeu o mundo em uma coletiva, que era portador do vírus HIV. Desde então, a doença que aterrorizava o mundo no início dos anos 90, que não escolhia famosos e anônimos, seria o maior adversário da vida do grande jogador de basquete.

Conjunto a este anúncio, Johnson também confirmava que estava se aposentando e que iria iniciar uma luta contra a "doença mortal". Mas devido a grande margem de votos para o All Star Game de 1992, Johnson foi escolhido para atuar entre os titulares. Diversos jogadores da Nba, como Byron Scott e Karl Marlone afirmaram que ele não deveria jogar, devido a um possível ferimento quando estivesse em quadra. Mesmo questionado, Magic Johnson foi a quadra, e com uma boa atuação , liderou o time do Oeste, na vitória por 153-113, com 25 pontos, 9 assistências e 5 rebotes, pontuação que lhe deu o prêmio de Mvp do All Star Game 1992. A cena mais marcante, foi ter feito os últimos pontos do jogo, em uma cesta de 3 pontos, e ser abraçado por todos os jogadores.
Mesmo lutando contra a doença, Johnson foi selecionado para disputar as Olimpíadas de 1992, em Barcelona, sendo mais um integrante do "Dream Team". Mesmo com a polêmica de um atleta portador do vírus HIV estar disputando os Jogos Olímpicos, ele seguiu a competição com atuação discreta, devido a lesão no joelho. A atuação do basquete norte-americano foi jamais vista, o time foi medalha de ouro, e ao final da competição, Magic Johnson foi aplaudido de pé pelos torcedores, e usou as Olimpíadas para servir de incentivo aos portadores de HIV, que sofriam demais psicologicamente com o preconceito.


Motivado pelas Olimpíadas, Johnson anunciou no verão de 1992, que voltaria às quadras da Nba. Mas rumores nos bastidores da liga, diziam que vários jogadores eram contrário ao seu retorno. Chateado, Magic Johnson optou por não voltar, escreveu um livro com o tema "sexo seguro", engajou-se na carreira de comentarista e fez excursões pela Ásia e Oceania, com ex-jogadores de basquete.
No final da temporada 1993/1994, Johnson aceitou substituir Randy Pfund, no comando técnico do Lakers. Tentativa frustrada, após cinco derrotas, em seis partidas, ele entregava o cargo. Na temporada seguinte, Magic Johnson superou o preconceito e retornou ao Lakers, atuando como pivô. Após a eliminação da 1ª rodada dos Play-offs, para o Houston Rockets, ele decidiu por definitivo abandonar a carreira e se tratar com intensidade. Ele anunciava:"Não tenho mais condições de jogar".
Magic Johnson havera escrito definitivamente sua história no basquete mundial. Tanto é que possui uma estátua a frente do Staples Center, e o Lakers aposentou a camisa 32, usada por ele.
Após sua última aposentadoria, em meio ao tratamento, ele se tornou ativista, criou aas Fundações Magic Johnson, que auxilia no combate ao vírus. Também foi garoto-propaganda dos remédios da GlaxoSmithKline, e se associou aos Laboratórios Abbott, para divulgar campanhas de combate a doença em comunidades afro-americanas. Também é empresário, e hoje comenta jogos da Nba, para rede norte-americana ABC. Uma história de superação.


UMA OUTRA HISTÓRIA...

Quem não teve a mesma história de superação, foi o atacante Gérson. Revelado na categorias de base do Santos, aonde marcaria um gol na decisão da Copa São Paulo de 1984, contra o Corinthians, no estádio do Canindé, conquistando um título inédito para o Santos. Em seguida, subiria para o time profissional da Vila Belmiro, mas não teria muito sucesso. Seria emprestado para o Guarani, aonde também não conseguiria desempenhar o seu promissor futebol.
Em meio a isso, Gérson seria convocado para disputar o Mundial de Juniores de 1985, na União Soviética.
Foi um jogador decisivo para a conquista do Brasil, time que contava com Taffarel, Silas e Müller.
Retornava ao Guarani, e seguia sem chances de ser de aproveitado. Voltaria para o Santos, que o emprestaria para o Paulista de Jundiaí, aonde brilharia de fato. Os torcedores lotavam o Jayme Cintra, somente para ver o jogador.
O sucesso do jogador em Jundiaí, abriria as portas do Atlético/Mg, no final de 1988. Aonde se tornava finalmente titular absoluto de um grande time do Brasil, se encaixava no bom time atleticano que seria o campeão mineiro do ano seguinte. Gérson vivia o seu melhor momento na carreira, tanto é que chegou a ser convocado pelo treinador da seleção brasileira, Sebastião Lazaroni, para uma série de amistosos na Europa. Sem sucesso com camisa da amarelinha, não foi convocado para a Copa do Mundo de 1990.
Ainda no ano de 1989, Gérson entraria para a história por ser o artilheiro da 1ª edição da Copa do Brasil, um torneio que Gérson mais fez sucesso. Até hoje, ele é único jogador que foi artilheiro por três vezes(1989, 1991 e 1992). E foi pelo torneio, em 1991, na maior goleada da história da competição, Atlético/Mg 11-0 Caiçara, em que Gérson fez 5 gols, no antigo Independência.
Porém no mesmo ano de 1991, Gérson seria negociado com o Internacional, último clube de sua carreira. No Inter, já chegava copando um título, o Gauchão daquele ano, quebrando uma hegemonia gremista.
1992, seria o ano mais marcante da vida de Gérson. Ele voltava a ser o grande goleador dos tempos de Atlético/Mg, ganharia da torcida colorada o carinhoso apelido de "Nego Gérson, até o dia em que o dirigente do Inter, Romeu Masiero anunciava a imprensa, que um exame de sangue do atacante era soropositivo e ele portava vírus HIV. A notícia pipocava nos jornais de Porto Alegre, que fez o jogador convocar um deles e negar a doença, dizendo que era caxumba.
O treinador Antônio Lopes estava com um grande problema, pois a notícia abalava o vestiário do Internacional. A melhor medida tomada pelo treinador, foi o afastamento do atacante. Enquanto os jogadores e a torcida fazia apelo para o seu retorno. Gérson convivia em um abalo psicológico e rumores de tentativa de suicídio.
Após alguns meses do afastamento, Gérson voltava a ser integrado no Inter. E seria o grande destaque do Inter, até o final daquela temporada. Inclusive em sua competição favorita, a Copa do Brasil, aonde novamente seria o artilheiro e pela 1ª vez conquistava o campeonato. Gérson vencia o medo, o preconceito e após 13 anos, deixaria o colorado o orgulho de viver um título nacional, além de vencer novamente o Gauchão daquele ano.
Gérson, se tornava um ídolo dos colorados, mas voltaria a sofrer com os efeitos da doença. Em 1993, pouco jogou, companheiros dele dizia que a perda de peso e o abatimento era algo visível. No mesmo ano, por pouco jogar, o jogador teve o seu contrato rescindido e disse que iria voltar para Baixada Santista e depois pensaria em sua carreira. Algo escondido, aparentava se confirmar. Gérson de fato, estava doente e tentava lutar contra isso. Foi internado no Hospital Santo Amaro, no Guarujá, no início de 1994, em um estado debilitado. Precisando de dinheiro, o Santos treinador por Serginho Chulapa organizou um jogo beneficente para arrecadar fundos para o seu tratamento.
Mesmo assim, Gérson não suportou e acabou falecendo no dia 17 de maio de 1994, vítima de toxoplasmose.
Até hoje, ninguém tem ao certo se Gérson portava mesmo o vírus HIV. Embora os laboratórios de Porto Alegre afirmem.
Para registro, quando Gérson faleceu sua esposa Andreia, estava grávida da 3ª filha. Dias depois de sua morte, nasceu Tainá, que o jogador não a conhecera.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

OS INTERINOS VENCEDORES DO FLAMENGO

Via de regra, nunca é normal, você iniciar uma competição com um treinador interino. Mas devido as circunstâncias, a utilização dessa figura peculiar do futebol acaba tendo espaço. Mas e quando um técnico interino ou "tapa buraco" começa a encaixar o time e dar uma cara e um formato de jogo, fica sem jeito da direção do clube procurar um treinador com mais bagagem, principalmente se esse time for o Flamengo.
Como o blog aqui é especializado em relembrar assuntos e temas históricos do esporte. Também é histórico, o sucesso de treinadores interinos vencedores no Flamengo. Jayme de Almeida, um homem sereno de 60 anos, ex-zagueiro do Flamengo, é mais um que amanhã poderá entrar para esse seleto grupo.
A história é longa, mas eu vou começar quando o Jayme de Almeida, se chama somente "Jaime" e ainda jogava na defesa do time rubro-negro. Joubert Meira já havia sido treinador interino do Flamengo nos anos de 1969 e 1972, mas somente em 1973 ganhou de forma definitiva o cargo e foi o treinador que efetivou jogadores como Zico, Júnior, Geraldo e o próprio Jaime. Conquistou o Campeonato Carioca de 1974, sobre o Vasco, o campeão brasileiro daquele ano. Sem grandes títulos de expressões, tem um destaque especial na história do Flamengo, por ter revelado Zico, o maior ídolo da história do clube.

De Joubert, vamos viajar alguns anos e ir até 1981. Com a demissão do treinador Dino Sani, e Nelsinho Rosa ter recusado treinar o time. Paulo César Carpegiani que jogara no time até 1980, e ter sido auxiliar do treinador anterior, assumiu o cargo interinamente. Só que foi o interino muito vencedor. Venceu a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes de 1981. Encaixou um time com ideais que vinha de Claudio Coutinho, e formou um dos times com o futebol mais vistoso da história, que tinha o craque Zico, Adílio, Nunes, Leandro, Mozer, Júnior. Ainda venceria o Campeonato Brasileiro de 1982, contra o Grêmio. Após sua saída em 1983, rodou o mundo e se tornou um grande treinador, passou por grandes clubes do Brasil. E levou a boa seleção paraguaia a Copa do Mundo de 1998. Já renomado e com muita bagagem, voltaria ao Flamengo no ano 2000, mas não obteve o mesmo sucesso.

Seguindo a nossa viagem ao tempo, nos deparemos em 1985, quando Sebastião Lazaroni assumia o clube e seguiria de forma definitiva no cargo. Não teve muito no destaque no clube, conquistou somente um Campeonato Carioca, em 1986. Mas ele foi importante para o início da carreira dos jogadores: Jorginho, Aílton, Aldair e Bebeto, jovens promessas na época. Deixou o clube, passou por Vasco, Al-Ahli, Grêmio, Paraná Clube. Até ser contratado em 1989, como treinador da Seleção Brasileira e fracassar na Copa do Mundo de 1990, ficou marcado após isso e caiu no ostracismo.
Outro interino, muito vencedor no Flamengo, se chama Carlinhos, que possuía um apelido carinhoso "Violino". Foi um grande jogador do Flamengo, com um carreira histórica com títulos e pelo fato de nunca ter sido expulso. E ganhou notoriedade também como treinador. Teve duas passagens curtas como interino, em 1983 e 1987. Após a demissão de Antônio Lopes, no mesmo ano de 1987, Carlinhos assumiu o time e foi levando o Flamengo para a conquista da Copa União, o que corresponde ao tetracampeonato do rubro-negro carioca. Um time forte, com grandes jogadores técnicos, destaque para o sucesso da dupla de ataque Bebeto e Renato Gaúcho. Carlinhos deixaria o Flamengo, no ano seguinte, mas permaneceria no clube, até assumir novamente em 1991. Sem medalhões e aproveitando uma boa promissora geração do Flamengo, venceu o Campeonato Carioca daquele ano, e conquistaria sob a batuta do mestre Júnior, novamente o Brasileirão do ano seguinte. Carlinhos, voltaria a ser usado de forma interina, em 1999, com a saída do treinador Evaristo de Macedo. Como questionar um técnico, que se sagraria novamente campeão carioca daquele ano, e ainda venceria a Copa Mercosul, contra o poderoso Palmeiras. Carlinhos ainda venceria o Campeonato Carioca de 2000, e com problemas cardíacos, deixaria definitivamente o Flamengo. Aonde em 2011, seria homenageado com um busto na sede da Gávea(totalmente justo).

A história se torna mais recente e chega em Andrade, outro treinador com origens do clube e que já havia sido utilizado como interino em 2004 e 2005. Se tornou auxiliar de Cuca, em 2009, e após a saída do treinador, assumiu a equipe que meses mais tarde se sagraria campeã brasileira, com uma arrancada liderada por Adriano e Petkovic. Apesar do título brasileiro, uma crise interna em 2010, resultaria na demissão do treinador. Que após treinaria Brasiliense, Paysandu e Boa Vista, mas sem nenhum sucesso.

Portanto, Jayme de Almeida amanhã poderá entrar para esse grupo e quem sabe ser lembrado por um texto, só não pode repetir a mesma história de outro interino que também disputou uma final de Copa do Brasil, mas não venceu. Se trata de Sebastião Rocha, assumiu o Flamengo de forma interina em 1997, os bons resultados foram o mantendo no cargo, mas o gol de Carlos Miguel, aos 34 do 2º tempo, o impediu de ser campeão. Sebastião Rocha ainda foi mantido como técnico para o Campeonato Brasileiro, até ser substituído por Paulo Autuori, quando a diretoria entendia que o time precisava de um treinador gabaritado.
Amanhã é o dia Jayme, o dia de fazer história.