Paulistano, protestante, palmeirense fanático, apaixonado por esporte e história. Vem comigo.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

AS COPAS QUE EU VI - 1994

Em 1990, eu era muito novo. Me lembro vagamente do jogo, que o Brasil foi eliminado pela Argentina, lembro do meu pai ter batido o carro(um Corcel II 1985), na Estrada da Barreira Grande, na amável zona de leste de São Paulo.
A minha 1ª Copa, de fato, foi em 1994. Acompanhava futebol, assistia jogos, já torcia para um time. E aguardava ansiosamente para ver aquela competição que tantos falavam. Na rua, aonde eu morava, a
simbiose era incrível. Pintavam e decoravam as ruas. E o momento tão esperado, era o dia 17 de junho.
Eu vi Klinsmann marcar o único gol daquele Alemanha 1-0 Bolívia. Dias mais tarde, eu pude ver um jogador, tão falado pelas pessoas mais próximas, aliás, foram os dois únicos jogos que vi desse jogador. Não vi mais, porque ele foi expulso da competição, na época, eu não entendia muito, e lamentei demais. Claro, estou falando dele, Diego Armando Maradona. Após a saída dele, eu conhecia um outro camisa 10, virtuoso e clássico. Que eliminava, a própria Argentina, já sem Maradona. George Hagi, líder daquele belo time da Romênia.
Vi uma zebra chamada Bulgária, que eliminava uma Alemanha que dava prazer em ver jogar. Eu também vi um goleiro chamado Preud'homme, que além de fazer milagres debaixo da meta, marcou uma cena na derrota de sua Bélgica, para Alemanha. Quando a partida estava em 3-2, surgi um escanteio para os belgas, e o goleirão Preud'homme vai para área, para tentar o cabeceio. Embora, sem sucesso.

Outro time marcante, era a Suécia, daquele único jogador que não era loiro, Martin Dahlin, que jogava com latino-americano. Do goleiro Thomas Ravelli e suas extravagâncias, e do centroavante chamado por grandalhão pelo narrador Galvão Bueno, Kennet Andersson que comemorava gols, com as mãos em sinais de arma.
Em casa eu ouvia meus familiares se queixando e ansioso para ver o Brasil campeão, pelo fato de estar 24 anos sem ganhar a Copa. Para mim, que estava só começando e não tinha vivido aquela fila, estava aproveitando cada dia daqueles 30 dias.
E assisti cada jogo do Brasil, vi Bebeto e Romário se completarem, Leonardo agredir Tab Ramos, perder sua vaga para Branco, e o lateral decidir o jogo contra a Holanda.

 E o Brasil encerraria aquele longo jejum, contra uma Itália que foi se erguendo durante o torneio, sobre a mística e um craque chamado Roberto Baggio, que ficaria marcado pelo último lance daquele Mundial.

20 anos se passaram, e eu ainda desfruto da memória, daquela criança que jogava SuperNintendo, que usava um relógio digital, e que começou a se apaixonar pelo maior espetáculo esportivo do planeta.

Em 1998, ganhei de presente do meu falecido tio Osvaldo. Uma fita VHS, com o filme "Todos os Corações do Mundo". Presente que guardo, até os dias de hoje. 

terça-feira, 22 de abril de 2014

20 ANOS, SEM O ENCANTO DE DENER...

No último dia 19, deste mês, infelizmente foi marcado por duas décadas da trágica e prematura morte de um grande talento do futebol brasileiro, o garoto Dener, que tinha somente 23 anos, quando se foi.
Dener se tornou um eterno garoto, daqueles que nasce com a especialidade de jogar e encantar com o seu futebol moleque e irreverente.
 Aos 12 anos, ainda muito garoto, ele foi para o Canindé(lugar que se tornaria especial em sua vida) para defender o time mirim da Portuguesa. Só que como era órfão de pai, abandonou a carreira, para ajudar sua mãe no sustento da casa, mas por destino, retornaria a sua carreira em 1988, na própria Portuguesa. 
Em 1991, despontaria para o cenário nacional, na disputa da Copa São Paulo de Juniores, time na qual contava com Sinval, Tico e a genialidade do próprio Dener. A partir dali, Dener marcaria a mente dos torcedores, principalmente os da Portuguesa, com dribles e gols inesquecíveis. Como um marcado contra a Inter de Limeira, em 1992; e outro marcado contra o Santos, em 1993. Ele também já alcançava até participações na seleção brasileira e até era elogiado por Pelé, que o apontava como sucessor de seu trono. 
Porém, Dener que dizia que preferia driblar, ao invés de fazer gols, ele sofria por não estar em um time competitivo e só vivia por deslumbramentos de grandes jogadas. Foi emprestado ao Grêmio, em meados de 1993, mas seu futebol lá não evoluiu, apesar de ter sido campeão gaúcho. Ele retornaria para Portuguesa para disputar o Campeonato Brasileiro, daquele mesmo ano. E no ano seguinte, seria emprestado ao Vasco.
Dener chegava em São Januário e participava da campanha que viria ser o tri-campeonato estadual do Vasco. Porém em abril de 1994, ele despertava o interesse do clube alemão Stuttgart, aonde chegou a se reunir em São Paulo, com dirigentes do clube, para tratar de uma transferência que iria acontecer meses mais tarde. Não aconteceu.
Dener regressava ao Rio de Janeiro, após essa reunião e chegando próximo a Lagoa Rodrigo de Freitas, seu carro se chocaria com uma árvore. Dener estava no banco do carona, seu amigo Oto Gomes era quem dirigia. Dener dormia com o banco reclinado e com o cinto de segurança atravessado próximo ao pescoço, com impacto do acidente, o cinto provocou o esmagamento da laringe, o que resultou no sufocamento e causou sua morte. 



Dener morreu aos 23 anos, deixou uma viúva, Luciana Gabino, com três filhos. A qual teve que enfrentar inúmeras batalhas judiciais para receber o seguro da morte do marido. 

Dener se foi muito cedo. Poderia muito bem ter escrito ainda mais seu nome na história do futebol brasileiro, com aquela alegria de moleque. Prematuramente foi impedido e entrou para história para eternamente ser lembrado pelos dribles e belos gols. Que descanse em paz. 

Abaixo um vídeo, do noticiário do Jornal Nacional, sobre a morte do Dener:


segunda-feira, 14 de abril de 2014

A TRAGÉDIA QUE COMPLETA 25 ANOS E QUE MUDOU O FUTEBOL INGLÊS...

Era um sábado a tarde do dia 15 de abril de 1989, na cidade de Sheffield. Precisamente em um lugar que ficaria marcado para o resto da história mundial, e para um marco do futebol inglês, um estádio por nome de Hillsborough.
Naquela tarde, Liverpool e Nottingham Forest se enfrentariam por uma partida das semi-finais da Taça da Inglaterra. Tinha tudo para ser uma partida, que ficaria marcada somente pelo futebol apresentando dentro de campo, porém não foi.
A começar pela escolha do estádio. Hillsborough era um dos poucos estádios ingleses que poderiam receber um jogo daquela proporção. Mas era muito utilizado em jogos decisivos, e também era antecedente de um ocorrido que houve em 1981, em uma partida entre Tottenham vs Wolverhampton, em que teve 38 feridos. Mesmo assim, era o estádio para o jogo daquela tarde.
Os problemas começaram muito antes do jogo começar. O policiamento resolveu dividir o estádio para receber as duas torcidas, como era de costume. Porém o erro cometido, foi colocarem a menor torcida a do Nottingham Forest, em um setor maior, do que destinado ao Liverpool, que tinha bem mais torcedores.
A situação foi ficando pior, quando noticiava congestionamentos e torcedores sem ingressos causando tumultos nas entradas.

 Aproximadamente 5.000 torcedores, que estavam do lado de fora, tentavam passar nas catracas, com o estádio já tomado. A polícia temendo um acidente na parte exterior, permitiu a abertura de alguns portões, que no caso eram saídas(não possuíam catracas) que foi crucial para a superlotação. O resultado que com o fluxo de milhares de torcedores, eram visíveis o número de torcedores pressionados contra grades. Outros pulavam os alambrados, temendo a morte por esmagamento.
Essas imagens eram ofuscadas pelas jogadas de ataque do Liverpool, que naquela altura, já teria acertado o travessão. Mas aos 6 minutos, do tempo inicial, a polícia temendo ainda mais o pior, comunicou o árbitro Ray Lewis que pararia o jogo.





Aumentava-se o número de torcedores que invadiam o gramado, ambulância já era chamada. E com o passar das horas se notificava "A Trágedia de Hillsborough" estava confirmada com 766 feridos e 96 mortos, por pisoteamento, todos torcedores do Liverpool.

O Polêmico Relatório Taylor

Um anos após a tragédia, o governo britânico publico um relatório oficial, conhecido por Relatório Taylor, desenvolvido pelo Lorde Taylor de Gosforth. O relatório pregava, algo que mudou o futebol inglês, todos os estádios teriam que ter assentos numerados de acordo com o bilhete de cada de torcedor e uma séria de itens como a venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios, e o fim de alambrados. 
Por fim, quase todos estádios do Reino Unido, se adequaram ao relatório. 
Mas a controvérsia do polêmico relatório, foi que a polícia, a provavelmente culpada pela tragédia, ficou ilesa de acusações. A punição foi aos torcedores do Liverpool. E essas acusações teriam grande influência de um grande nome da época, a Dama de Ferro, a primeira ministra britânica Margaret Thatcher. 

3 semanas após a tragédia, no dia 7 de maio, a partida foi reiniciada. Desta vez o jogo foi realizado no Old Trafford e vencida pelo Liverpool, por 3-1. 

O acontecimento fez com que a UEFA banissem os clubes ingleses das competições continentais. E o Liverpool, já era banido, devido a Tragédia de Heysel, na final da Copa dos Campeões da Europa de 1985. 

25 anos se passaram, o futebol inglês mudou. Mas até hoje inúmeras homenagens são feitas. E sede de justiça de parentes dos 96 mortos, segue firme, junto com a dor a saudade. 



Abaixo, um vídeo que mostra o quanto aquele 15 de abril, foi marcado por luto:




terça-feira, 8 de abril de 2014

UMA HISTÓRIA MUDADA EM 3 MINUTOS.

O ano era 1999, precisamente o dia 26 de maio, uma quarta-feira na cidade de Barcelona, que receberia aquele dia a grande final da Liga dos Campeões, da temporada 1998/1999.
De um lado o Bayern de Munique do treinador Ottmar Hitzfeld, do experiente Matthäus, Kahn, Basler e Jancker. De um outro lado o Manchester United, do lendário Alex Fergunson, David Beckham, Giggs e do goleirão Schmeichel. Dois times poderosos, que já haviam se enfrentado naquela competição, pela fase de grupos. Empate de 2-2, em Munique. E 1-1, em Manchester.
Eu era um garoto, na época, que desde então gostava muito de futebol. Assistia aquela decisão, pela Tv Cultura. Naquele mesmo dia, só que a noite, o Palmeiras enfrentaria o River Plate, no jogo de volta, pela Libertadores da América. Além do motivo de querer ver aquele jogaço, naquela tarde. Eu queria saber, quem seria o possível(e de fato foi) adversário do Palmeiras, na final do Mundial de Clubes, no final daquele ano.
Havia uma grande festa antes da bola rolar no Camp Nou, com a presença da gloriosa voz da Montserrat Caballé. E quando a bola rolou, Basler cobrando falta no canto esquerdo do goleiro Schmeichel abriu o placar.
A torcida bávara incendiava o Camp Nou. O time alemão ainda teria mais duas chances para ampliar e matar o jogo, mas parariam na trave. Vendo a cena de situação do jogo, brilha a estrela de Alex Fergunson, que colocaria os atacantes Sheringham e Solskjaer, antes que o árbitro Pierluigi Collina determina-se os 3 minutos de acréscimo ao final da partida.
Apenas 3 minutos afastavam, o título do Bayern de Munique e de sua torcida que cantava de forma vibrante no Camp Nou. Até aquele escanteio cobrado por Beckham, aos 46 do 2º tempo, que levaria Schmeichel para área. Ele teria uma leve participação, em um lance em que Sheringham empataria o jogo. Incrédulos, os jogadores e torcedores do Bayern, ainda veriam Beckham cobrar outro escanteio, que contaria com um desvio e terminaria nos pés de Solskjaer que mandaria paras as redes.

Eu vendo o jogo, fiquei sem crer no que via. Não era possível, um time perder um título em 3 minutos. Me coloquei no lugar daqueles torcedores alemães que choravam copiosamente, também sem acreditar no que viam.

O Manchester United se sagrou campeão. A maior virada que vi na minha vida, de um time sobre outro.
Depois de algumas horas, quando contava para o meu irmão a história do jogo, percebi que contava um capítulo que sempre seria lembrado por quem viu aquele jogo histórico.



Após esse jogo. Manchester United e Bayern de Munique voltaram a se enfrentar mais sete vezes pela Champions League.
Nas quartas-de- finais da temporada de 2000/2001. Aonde os bávaros eliminaram o Manchester, com duas vitórias(0-1, 2-1).
Na fase de grupos da edição 2001/2002. Aonde houveram dois empates(1-1, 0-0).
Novamente pela quartas-de-finais, desta vez na edição 2009/2010. E novamente com o Bayern de Munique passando, com uma vitória na Allianz Arena(2-1), e uma derrota no Old Trafford(3-2).
E na última semana, quando ambos empataram em 1-1, em jogo realizado no Old Trafford.

Amanhã será o jogo decisivo na Allianz Arena. E tudo é possível nesse confronto, que já foi decidido um grande título, em apenas três minutos.

Abaixo um vídeo, aonde mostra um trecho do que foi esse jogo: