Paulistano, protestante, palmeirense fanático, apaixonado por esporte e história. Vem comigo.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

ACONTECEU EM 2003...

O ano era 2003. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomava posse pela 1ª vez como presidente do Brasil. Saddam Hussein era capturado pelos EUA. Bruna Marquezine emocionava o país com a personagem de Salete, na novela Mulheres Apaixonadas. A cantora Luka explodia nas paradas de sucesso com a música "Tô Nem Aí". E você deve estar se perguntando o que isso tem de haver com esporte. Pois é, também em 2003, o Palmeiras disputava a Série B. Competição na qual acompanhei de perto.
A temporada palmeirense se iniciou em janeiro, mas desde então a grande prioridade do ano, era o retorno a Série A. O torcedor vivia algo inédito, tudo muito novo, e não tinha exatamente do que aquilo tudo representava. O mesmo torcedor acostumado a conviver com decisões e títulos, se via em um lugar, em que na qual ele jamais imaginaria estar.
Depois de ser eliminado pelo Corinthians, na semi-final do Paulistão, daquele ano. O Palmeiras também foi eliminado de forma vexatória para o Vitória, na Copa do Brasil. Ali se encerrava o prelúdio da torcida, e se iniciava a grande caminhada que duraria sete meses até o retorno a Série A.
Contrariando o plano inicial da Série B, que seria em modelo de pontos corridos, como trazia a tabela anexa ao Guia do Campeonato Brasileiro, da revista Placar, que eu compraria no mês de março. A tabela foi alterada e com outro formato, com 23 rodadas em turno único, se classificando os 8 primeiros colocados, que seriam divididos em 2 grupos de 4, na qual passariam 2 de cada, e que disputariam um último quadrangular final, em que os 2 melhores conquistavam a tão pelejada vaga pra Série A.
Como vocês viram, não seria fácil, e não foi.
O Palmeiras iniciou a competição patinando, nas 3 primeiras rodadas foram 2 empates e 1 derrota.Ao invés de fazer parte do pelotão de cima, o alviverde figurava na parte de baixo da tabela. Aumentando ainda mais o drama do seu torcedor. Depois engatou uma série de 10 jogos sem perder, sendo ela 7 vitórias e 3 empates. O torcedor já confiava mais no time, e percebia que havia uma mudança, no time treinado por Jair Picerni. Vágner Love, jogador  revelado na base do clube, era o destaque. A série seria encerrada, em uma derrota para o Remo, no Mangueirão. Após isso o Palmeiras não perderia mais na fase de classificação.
Outra sequência de jogos sem perder, dessa vez de 9 jogos, com 6 vitórias e 3 empates.
Conforme o planejado o Palmeiras se classificaria em 1º lugar, enfrentando no grupo com Santa Cruz, Sport Recife e Brasiliense. O aproveitamento foi muito bom, 5 vitórias em 6 jogos. Apenas 1 derrota, para o Sport Recife, a única derrota no Palestra Itália, em toda competição.
Com outra classificação em 1º lugar. O torcedor palmeirense enchia o Palestra Itália, fazendo a maior festa. Mas por mais que a confiança paira-se, restava mais 6 jogos, faltava pouco e ao mesmo tempo, muito para o acesso.
O inicio do quadrangular, seria contra o Botafogo, no improvisado Caio Martins. Empate de 1-1, gols de Vágner Love e Dill. A segunda rodada seria no Palestra Itália, copado, em uma quarta-feira à noite, algo raro. Vitória pelo placar mínimo, gol do zagueiro Daniel.
O terceiro jogo seria em Marília, contra o time local, no Bento de Abreu. Com praticamente a maior torcida a favor, o Palmeiras foi superior e venceu, 0-2, gols de Lúcio e Muñoz.
No dia 15 de novembro, outro jogo contra o Marília, outra vitória pelo mesmo placar do jogo anterior. Em uma noite de Palestra Itália copado, o Palmeiras venceu com gols de Baiano e Lúcio. E somente não subiu naquele dia, porque o Sport havia vencido o Botafogo, na tarde daquele sábado.
Só faltava apenas 1 ponto, restando 2 jogos. O Palmeiras enfrentaria o Sport, mas longe da Ilha do Retiro. Devido a perda de mando do time do Recife, a partida seria no Gigante do Agreste, na cidade de Garanhus. Curiosamente terra natal de certidão do presidente Lula, citado no início do texto.
O jogo porém, foi um dos mais dramáticos da competição. Com um gramado bem ruim e um jogo bem truncado. O Palmeiras começou perdendo, com um gol do zagueiro Gaúcho, uma cobrança de falta com pancada, na qual se ouviu o barulho da rede. Em seguida Adãozinho é expulso pelo árbitro Heber Roberto Lopes. O drama do torcedor aumenta. Eu lembro até hoje, que eu e meu irmão discutíamos, enquanto assistíamos a tudo aquilo. E só paramos quando o Magrão empatou o jogo. Mesmo com um jogador a menos, o Palmeiras conseguiria fazer o 2º gol com o atacante Edmílson. Além de confirmar o acesso, também naquele dia se concretizava o título.
No dia 22 de novembro, após 370 dias do rebaixamento, o Palmeiras regressava a elite do futebol brasileiro.
Uma semana depois, o Palmeiras encerraria, diante de um Palestra Itália copado, sua participação naquele campeonato. O adversário seria o Botafogo, outro time que também confirmou o acesso. Foi uma tarde para deixar o torcedor satisfeito, além de ver o time levantar a taça, viram uma goleada de 4-1, gols de Vágner Love, por 2 vezes, Magrão e Pedrinho. Almir descontou para o Botafogo.

10 anos depois, o Palmeiras se vê na mesma situação. Novamente disputando a Série B, e novamente fazendo uma campanha com conforto para o acesso. Amanhã, diante de um Pacaembu copado, contra o São Caetano deverá confirmar o retorno a Série A.



Em pé: Leonardo, Edmílson, Gláuber, Diego Souza, Marcos e Magrão.
Agachados: Adãozinho, Élson, Lúcio, Baiano e Vágner Love.



Abaixo a relação de jogos do Palmeiras, na Série B de 2003:


Fase de Classificação

26 de abril - Brasiliense 1-1 Palmeiras - Iranildo - Vágner Love.
 3 de maio - Palmeiras   1-1 América/Rn - Vágner Love - Elton.
10 de maio - Náutico    2-1 Palmeiras - Kuki e Jorge Henrique - Thiago Gentil.
17 de maio - Palmeiras 4-0 São Raimundo- Diego Souza(3x) e Daniel.
24 de maio - Caxias do Sul 1-4 Palmeiras - Helinho - Vágner Love(2x) e Anselmo(2x).
31 de maio - Palmeiras 1-1 Crb - Anselmo - Marquinhos.
7 de junho - Santa Cruz 2-2 Palmeiras - Neto e Roberto Santos - Alceu e Vágner Love.
14 de junho - Palmeiras 5-0 Mogi Mirim - Vágner Love(3x), Magrão e Muñoz.
21 de junho - Palmeiras 0-0 Botafogo.
28 de junho - América/Mg 0-3 Palmeiras - Alceu, Daniel e Anselmo.
5 de julho - Palmeiras 2-1 Joinville - Vágner Love, Lúcio - Didi.
12 de julho - Anapolina 1-2 Palmeiras - Patrik - Vágner Love e Pedrinho.
19 de julho - Palmeiras 1-0 Londrina - Vágner Love.
26 de julho - Remo 2-1 Palmeiras - Valdomiro e Gian - Pedrinho.
2 de agosto - Paulista 1-2 Palmeiras - Amaral - Edmílson e Thiago Gentil.
9 de agosto - Palmeiras 4-3 Portuguesa - Adãozinho, Pedrinho, André e Daniel - Marcos Denner(2x) e Ricardo Lopes.
16 de agosto - Ceará 1-1 Palmeiras - Sérgio Alves - Baiano.
23 de agosto - Palmeiras 5-1 União São João - Diego Souza, Edmílson, Vágner Love, Alceu e Muñoz - Fabinho.
30 de agosto - Palmeiras 2-2 Sport - Élson e Muñoz - Gaúcho e Vágner Mancini.
6 de setembro- Marília 1-2 Palmeiras - Zé Luís - Muñoz e Vágner Love.
13 de setembro- Palmeiras 2-2 Gama- Diego Souza e Edmílson - Émerson e Adriano.
20 de setembro - Avaí 1-6 Palmeiras - Celso - Leonardo, Edmílson(3x) e Diego Souza(2x).
27 de setembro- Palmeiras 2-1 Vila Nova - Edmílson e Thiago Gentil - Weslley Brasília.

2ª  Fase

4 de outubro - Santa Cruz 1-3 Palmeiras - Aílton - Magrão, Edmílson e Vágner Love.
7 de outubro - Palmeiras 3-2 Brasiliense - Leonardo, Edmílson e Lúcio - Iranildo e Romerito.
11 de outubro - Sport 1-2 Palmeiras - Cléber - Leonardo e Vágner Love.
18 de outubro - Palmeiras 2-3 Sport - Vágner Love e Edmílson - Gáucho, Weldon e Cléber.
21 de outubro - Brasiliense 1-2 Palmeiras - Iranildo - Adãozinho e Diego Souza.
25 de outubro - Palmeiras 2-0 Santa Cruz - Baiano e Pedrinho.

Quadrangular Final

1º de novembro - Botafogo 1-1 Palmeiras - Dill - Vágner Love.
5 de novembro - Palmeiras 1-0 Sport - Daniel.
8 de novembro - Marília 0-2 Palmeiras - Lúcio e Muñoz.
15 de novembro - Palmeiras 2-0 Marília - Baiano e Lúcio.
22 de novembro - Sport 1-2 Palmeiras - Gaúcho - Magrão e Edmílson.
29 de novembro - Palmeiras 4-1 Botafogo - Vágner Love(2x), Magrão e Pedrinho - Almir.

Abaixo um vídeo sobre a reportagem do jogo do acesso:




terça-feira, 22 de outubro de 2013

MARCELINHO CARIOCA - O HERÓI E O VILÃO

Meus caros leitores e leitoras. Vivemos em uma semana  de Copa do Brasil, e nela há um grande jogo, com um histórico elevado, Grêmio vs Corinthians. Esse confronto, além de ser um grande clássico do futebol nacional, já protagonizou por duas vezes, a decisão da própria Copa do Brasil.
Nas duas decisões, teve um personagem incomum, o polêmico e conhecido por todos, Marcelinho Carioca.
A 1ª parte dessa história foi escrita, em 1995. Marcelinho Carioca, já tinha um ano vestindo a camisa do Corinthians, já carregava a fama de pé de anjo, porém não sabia o que era ser campeão. O próprio torcedor corintiano, sofria com esse drama. Faziam 5 anos, que o alvinegro de Parque São Jorge não levantava um taça.
Essa história dramática se desenrolou durante a campanha da Copa do Brasil. O Corinthians eliminaria o Operário/Ms, Rio Branco/Ac, Paraná Clube e o Vasco, nas semi-finais, até enfrentar o Grêmio de Felipão, nas finais que seriam disputadas em duas partidas.
No 1º jogo, em  Pacaembu lotado. O Corinthians começaria pressionando, mas só encontraria o gol, nos minutos finais da 1ª etapa, com um gol do atacante Viola. No 2º tempo, o Grêmio empataria o jogo com o Luis Carlos Goiano, mas aos 26, uma falta frontal a favor do Corinthians mudaria o jogo. Ele, Marcelinho Carioca ajeita a bola com carinho e com cobra com perfeição, deixando Danrlei, totalmente estático.
Com a vitória de 2-1, no 1º jogo, o Corinthians jogava por um simples empate para se sagrar campeão. O clima do Olímpico Monumental, naquela época, era muito hostil, comparado a jogar na Argentina. Mas apesar disso e de um jogo bem conturbado, Marcelinho Carioca em um lance de puro oportunismo fez o único gol da partida e confirmou o título da equipe treinada por Eduardo Amorim. Marcelinho Carioca escrevia seu nome como herói de uma conquista pelo Corinthians, o clube mais marcante de sua carreira.



 Dois meses depois, o Corinthians venceria o Campeonato Paulista. E o Grêmio se sagraria campeão da Copa Libertadores.

Seis anos se passaram, e estávamos em 2001. Marcelinho Carioca vivia outra fase excelente na sua carreira, tinha sido decisivo na conquista do Paulistão, daquele ano. E novamente se confrontaria com o Grêmio, em mais uma final de Copa do Brasil.
O Grêmio não era mais treinado por Felipão, mas tinha um time aguerrido como tanto e até mais técnico, treinado por Tite, em seu 1º ano na frente de uma grande equipe.
Dessa vez, a 1ª partida seria no Olímpico Monumental. Marcelinho Carioca em um chute que contava com desvio de Marinho, para vencer o goleiro Danrlei, para abrir o placar. Müller ampliaria para Corinthians, no início do 2º tempo. Porém o Grêmio em sua imortalidade, foi atrás do resultado e acabou empatando o jogo, com 2 gols do atacante Luis Mário.
A grande decisão seria jogada no Morumbi, no dia 17 de junho, aniversário de Zinho, que jogaria aquela decisão sendo absolutamente decisivo para o tetracampeonato do Grêmio, uma das maiores partidas que eu vi ele fazendo. Aliás, todo Grêmio fez uma partida exuberante, um verdadeiro show diante de um Corinthians favorito e jogando com 80 mil vozes ao seu favor.
Zinho é quem cobra o escanteio para o gol de cabeça do zagueiro Marinho. E quem no começo do 2º tempo, recebe o passe Marcelinho Paraíba( fruto de uma atrapalhada do zagueiro João Carlos), para fazer o 2º gol do tricolor gaúcho. Eu não sei em que local do campo, estava Zinho, quando o Ewerton diminui para o Corinthians, tentando iniciar uma reação. Mas eu sei que é ele quem tabela com Fábio Baiano, que em seguida toca para Marcelinho Paraíba definir o jogo e aquela conquista, que jamais o torcedor gremista irá se esquecer.



Marcelinho Carioca, por sua vez, fez um jogo bem apático, pouco ajudou o time, esbarrando na boa marcação do Grêmio. Dias depois, estourava um assunto polêmico, envolvendo Marcelinho Carioca e o treinador do Corinthians naquela decisão, Vanderley Luxemburgo. A polêmica havia se iniciado na madrugada antes da decisão, com motivos nunca bem esclarecidos até hoje, por ambas as partes. Após alguns meses de uma longa queda de braço contra Luxemburgo e boa parte do elenco. Marcelinho Carioca terminaria sua longa história no Corinthians, deixaria o clube pela porta dos fundos, e meses depois seria contratado pelo Santos. Retornaria em 2006, mas em uma passagem totalmente sem brilho.

Portanto, é isso. Amanhã teremos novamente um outro confronto entre essas duas equipes, e torcemos para que seja um jogo que entre para história, como os citados aqui.

Para registro: Apenas Marcelinho Carioca e Danrlei estiveram em campo nos 4 jogos decisivos de 1995 e 2001. Paulo Nunes jogou as duas de 1995, e pertencia ao Corinthians em 2001, porém não atuou nenhuma das duas partidas.

Curiosamente, a conquista da Copa do Brasil de 2001, foi o último grande título de expressão do Grêmio.
Por esse motivo, foi escolhido este vídeo, que você pode ver abaixo:


domingo, 20 de outubro de 2013

UM TREINADOR E UM DRAMA...

Copa do Mundo de 2002, era o 1º mundial na Ásia, e o meu 3º mundial. Um adolescente que sempre amou futebol, principalmente esse torneio para o planeta. 
Como sempre faço, meses antes de uma Copa do Mundo, me enfio em pesquisas, compro revistas-guias, e assisto tudo que é relacionado. E confesso que ainda em 2001, me fascinei vendo um país se classificando para o Mundial do ano seguinte. Um futebol rápido, vistoso e que sempre fazia você torcer a favor. A seleção na qual, era Senegal, treinada pelo francês Bruno Metsu. 
Curiosamente e especialmente, a estréia de Senegal seria contra a atual campeã mundial na época, a França, país de origem do treinador da seleção africana.
Naquela manhã, do dia 31 de maio, eu acordava para ver aquele jogo. A França sem seu principal jogador, Zinedine Zidane, sofreria contra aquele rápido time de Senegal, que venceria o jogo, com um gol de Bouba Diop. Confirmava uma das maiores zebras da história das Copas, e mostraria ao planeta, que aquele time poderia ir longe. Nos outros 2 jogos da chave, Senegal empataria contra Dinamarca(1-1) e Uruguai(3-3). Se classificaria para as oitavas de final, como 2ª colocada, e eliminaria a Suécia, na prorrogação, em um jogo dramático. 
Senegal chegaria as quartas-de finais, repetiria um feito conquistado somente por uma seleção africana, Camarões, na Copa do Mundo de 1990. Em um jogo difícil contra a Turquia, o time sofreria um gol nos minutos finais, e acabaria sendo eliminado. Confesso, que na hora fiquei muito triste. Senegal, perdeu a chance de fazer história e enfrentar o Brasil, nas semi-finais. 
Se encerrava ali, o único momento de deslumbramento de Bruno Metsu. Todos pensavam que o seu trabalho seria mais procurado, e seria visto em grandes equipes e seleções, foi totalmente contrariado.
O treinador foi para o mundo árabe, dirigindo equipes e seleções. Em julho do ano passado, Al Wasl demitiria o polêmico Diego Maradona, e o contrataria para substitui-lo. Porém a descoberta de um câncer no cólon, e com a doença se espalhando pelos pulmões e fígado. 
Apesar do tratamento, Bruno Metsu não resistiu. Na última terça-feira, acabou falecendo. Encerrando sua história, mas seguirá sempre lembrado por aquela seleção de Senegal.

Meus sinceros sentimentos.  

Abaixo, um vídeo do gol da  vitória de Senegal sobre a França, na estréia do Mundial de 2002.