Paulistano, protestante, palmeirense fanático, apaixonado por esporte e história. Vem comigo.

domingo, 8 de dezembro de 2013

ENREDO DE CINEMA...

O ano era 1995, mas precisamente no mês de junho. Quando parte do mundo olhava para a África do Sul. Por dois motivos, um era a terceira edição do  Mundial de Rugby, que seria disputada no país africano. E o outro era que isso ocorria dentro do mandato do presidente Nelson Mandela, um dos maiores líderes de toda humanidade.
Antes do Mundial, Mandela enfrentava os problemas pós-Apartheid, como o crime e a pobreza crescendo de forma rápida. Mesmo em meios de grandes problema no país, o presidente percebe em um jogo, que os negros torcem contra a seleção de seu país, pelo fato dela ainda representar o Apartheid. E ele assume que fazia o mesmo durante o período preso em Robben Island. Mas ele entende que o tempo de torcer contra o próprio país estava encerrado, principalmente por estar às portas de um Mundial. Mandela, também foi informado pelo boicote que muitos faziam sobre a seleção e pessoalmente interviu isso, alegando que os jogadores representavam a sua pátria. A idéia era apoiar o país anfitrião, com a intenção de unir a nação.
E foi para isso que ele resolveu chamar o capitão do time, François Pieenar. Em uma longa conversa, Mandela fez o entender de que o time poderia se esforçar mais, se unir, fazer a população negra que torcia contra, torcer a favor. Pediu que o time fosse ensinar o esporte nas comunidades carentes, e o último pedido, foi para que a equipe desacreditada, se tornar-se campeã.
Desde então aquele time questionado, sem apoio, começava a inverter os papéis iniciais. Mais unido e com apoio popular, a equipe do capitão Pieenar começava a ganhar confiança e respeito.
Na estréia do Mundial, os Springboks, como é chamado a equipe sul-africana, enfrentaria a poderosa Austrália. Porém, um dia antes, Mandela visitaria o último treino da seleção e entregaria em mãos a Pieenar, o poema "Invictus" de William Ernest Henley. Poema que o próprio Mandela lia na prisão e foi ele quem inspirou o presidente a ser o que se tornou:"...Não importa quão estreito o portão, quão repleta de castigo a sentença, eu sou o senhor de meu destino, eu sou o capitão de minha alma..."
Esse poema também inspiraria Pieenar a liderar o time naquele Mundial e se tornar o principal jogador da equipe. Na estréia, o time venceria a Austrália, por 27-18, deixando a torcida orgulhosa pelo feito. Encerraria a 1ª fase, vencendo a Romênia e o Canadá. Nas quartas venceria a Samoa Ocidental e nas semis a França. Chegaria nas finais para enfrentar a temível Nova Zelândia, os populares All Blacks, do grande jogador Jonah Lomu, a quem todos tinha medo, pelo forte porte físico e por ser o grande destaque do torneio.
Dias antes da grande decisão, os jogadores dos Springboks resolveram visitar a prisão de Robben Island, desejo de Pieenar. E o jogador viu a cela aonde Mandela ficou por 27 anos, a pedreira aonde ele trabalhou, e se perguntou:"Como alguém pode ter vivido aqui por 27 anos e sair para perdoar as pessoas que o colocaram lá?".
Na decisão, Mandela vai ao gramado do Ellis Park e cumprimenta todos os jogadores das duas seleções, inclusive Jonah Lomu, a quem confidencia:"Meu país teme você."
Durante a decisão, a África do Sul se supera, com uma marcação forte e focada na decisão o time consegue anular Jonah Lomu e de forma épica vence os All Blacks, por 15-12, na prorrogação. Em um cenário perfeito como um enrendo de um filme, toda nação comemoraria aquele título de forma inesquecível.
Mandela entregaria o troféu do torneio para o capitão Pieenar, marcando historicamente aquela cena.


A questionada e conturbada seleção, se uniria e venceria o Mundial, a conselho de um líder que mudou o país, e que emplacou na humanidade o seu nome.
Nelson Mandela, faleceu na última quinta-feira, mas nos proporcionou inúmeras histórias de superação. A começar pela sua própria história, como já dita aqui. Prisoneiro por 27 anos, lutou contra o Apartheid, se tornou presidente do seu país, perdoou seus acusadores e provou ao mundo que a melhor forma de vencer as diferenças, é viver em união. 

Para registro, o filme "Invictus" de 2009, do diretor Clint Eastwood e interpretado pelos atores Morgan Freeman e Matt Damon relata muito bem a história da Copa do Mundo de Rúgbi de 1995. 

O vídeo abaixo, mostra o momento que Nelson Mandela entrega o troféu Webb Ellis a François Pieenar:




domingo, 1 de dezembro de 2013

O ESPORTE E SUA LUTA CONTRA À AIDS

Hoje, 1º de dezembro é conhecido internacionalmente como Dia Mundial do Combate à AIDS. E como o blog é ligado a contar histórias relacionadas do esporte, contaremos nesse texto, duas histórias que dois atletas que vivenciaram parte de suas carreiras com o vírus HIV.
Todos já devem ter ouvido falar de um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, com cinco títulos da Nba, e por três vezes eleito melhor jogador. Trata-se de Earvin Johnson Jr, ou o popular conhecimento Magic Johnson.
Com uma carreira muito vitoriosa e com uma técnica sem igual, Magic Johnson entrou para o Hall da Fama do Basquete Mundial. Talento nunca faltou para um armador que improvisa jogadas e fazia os torcedores do Lakers irem ao delírio. Até o dia 7 de novembro de 1991, quando surpreendeu o mundo em uma coletiva, que era portador do vírus HIV. Desde então, a doença que aterrorizava o mundo no início dos anos 90, que não escolhia famosos e anônimos, seria o maior adversário da vida do grande jogador de basquete.

Conjunto a este anúncio, Johnson também confirmava que estava se aposentando e que iria iniciar uma luta contra a "doença mortal". Mas devido a grande margem de votos para o All Star Game de 1992, Johnson foi escolhido para atuar entre os titulares. Diversos jogadores da Nba, como Byron Scott e Karl Marlone afirmaram que ele não deveria jogar, devido a um possível ferimento quando estivesse em quadra. Mesmo questionado, Magic Johnson foi a quadra, e com uma boa atuação , liderou o time do Oeste, na vitória por 153-113, com 25 pontos, 9 assistências e 5 rebotes, pontuação que lhe deu o prêmio de Mvp do All Star Game 1992. A cena mais marcante, foi ter feito os últimos pontos do jogo, em uma cesta de 3 pontos, e ser abraçado por todos os jogadores.
Mesmo lutando contra a doença, Johnson foi selecionado para disputar as Olimpíadas de 1992, em Barcelona, sendo mais um integrante do "Dream Team". Mesmo com a polêmica de um atleta portador do vírus HIV estar disputando os Jogos Olímpicos, ele seguiu a competição com atuação discreta, devido a lesão no joelho. A atuação do basquete norte-americano foi jamais vista, o time foi medalha de ouro, e ao final da competição, Magic Johnson foi aplaudido de pé pelos torcedores, e usou as Olimpíadas para servir de incentivo aos portadores de HIV, que sofriam demais psicologicamente com o preconceito.


Motivado pelas Olimpíadas, Johnson anunciou no verão de 1992, que voltaria às quadras da Nba. Mas rumores nos bastidores da liga, diziam que vários jogadores eram contrário ao seu retorno. Chateado, Magic Johnson optou por não voltar, escreveu um livro com o tema "sexo seguro", engajou-se na carreira de comentarista e fez excursões pela Ásia e Oceania, com ex-jogadores de basquete.
No final da temporada 1993/1994, Johnson aceitou substituir Randy Pfund, no comando técnico do Lakers. Tentativa frustrada, após cinco derrotas, em seis partidas, ele entregava o cargo. Na temporada seguinte, Magic Johnson superou o preconceito e retornou ao Lakers, atuando como pivô. Após a eliminação da 1ª rodada dos Play-offs, para o Houston Rockets, ele decidiu por definitivo abandonar a carreira e se tratar com intensidade. Ele anunciava:"Não tenho mais condições de jogar".
Magic Johnson havera escrito definitivamente sua história no basquete mundial. Tanto é que possui uma estátua a frente do Staples Center, e o Lakers aposentou a camisa 32, usada por ele.
Após sua última aposentadoria, em meio ao tratamento, ele se tornou ativista, criou aas Fundações Magic Johnson, que auxilia no combate ao vírus. Também foi garoto-propaganda dos remédios da GlaxoSmithKline, e se associou aos Laboratórios Abbott, para divulgar campanhas de combate a doença em comunidades afro-americanas. Também é empresário, e hoje comenta jogos da Nba, para rede norte-americana ABC. Uma história de superação.


UMA OUTRA HISTÓRIA...

Quem não teve a mesma história de superação, foi o atacante Gérson. Revelado na categorias de base do Santos, aonde marcaria um gol na decisão da Copa São Paulo de 1984, contra o Corinthians, no estádio do Canindé, conquistando um título inédito para o Santos. Em seguida, subiria para o time profissional da Vila Belmiro, mas não teria muito sucesso. Seria emprestado para o Guarani, aonde também não conseguiria desempenhar o seu promissor futebol.
Em meio a isso, Gérson seria convocado para disputar o Mundial de Juniores de 1985, na União Soviética.
Foi um jogador decisivo para a conquista do Brasil, time que contava com Taffarel, Silas e Müller.
Retornava ao Guarani, e seguia sem chances de ser de aproveitado. Voltaria para o Santos, que o emprestaria para o Paulista de Jundiaí, aonde brilharia de fato. Os torcedores lotavam o Jayme Cintra, somente para ver o jogador.
O sucesso do jogador em Jundiaí, abriria as portas do Atlético/Mg, no final de 1988. Aonde se tornava finalmente titular absoluto de um grande time do Brasil, se encaixava no bom time atleticano que seria o campeão mineiro do ano seguinte. Gérson vivia o seu melhor momento na carreira, tanto é que chegou a ser convocado pelo treinador da seleção brasileira, Sebastião Lazaroni, para uma série de amistosos na Europa. Sem sucesso com camisa da amarelinha, não foi convocado para a Copa do Mundo de 1990.
Ainda no ano de 1989, Gérson entraria para a história por ser o artilheiro da 1ª edição da Copa do Brasil, um torneio que Gérson mais fez sucesso. Até hoje, ele é único jogador que foi artilheiro por três vezes(1989, 1991 e 1992). E foi pelo torneio, em 1991, na maior goleada da história da competição, Atlético/Mg 11-0 Caiçara, em que Gérson fez 5 gols, no antigo Independência.
Porém no mesmo ano de 1991, Gérson seria negociado com o Internacional, último clube de sua carreira. No Inter, já chegava copando um título, o Gauchão daquele ano, quebrando uma hegemonia gremista.
1992, seria o ano mais marcante da vida de Gérson. Ele voltava a ser o grande goleador dos tempos de Atlético/Mg, ganharia da torcida colorada o carinhoso apelido de "Nego Gérson, até o dia em que o dirigente do Inter, Romeu Masiero anunciava a imprensa, que um exame de sangue do atacante era soropositivo e ele portava vírus HIV. A notícia pipocava nos jornais de Porto Alegre, que fez o jogador convocar um deles e negar a doença, dizendo que era caxumba.
O treinador Antônio Lopes estava com um grande problema, pois a notícia abalava o vestiário do Internacional. A melhor medida tomada pelo treinador, foi o afastamento do atacante. Enquanto os jogadores e a torcida fazia apelo para o seu retorno. Gérson convivia em um abalo psicológico e rumores de tentativa de suicídio.
Após alguns meses do afastamento, Gérson voltava a ser integrado no Inter. E seria o grande destaque do Inter, até o final daquela temporada. Inclusive em sua competição favorita, a Copa do Brasil, aonde novamente seria o artilheiro e pela 1ª vez conquistava o campeonato. Gérson vencia o medo, o preconceito e após 13 anos, deixaria o colorado o orgulho de viver um título nacional, além de vencer novamente o Gauchão daquele ano.
Gérson, se tornava um ídolo dos colorados, mas voltaria a sofrer com os efeitos da doença. Em 1993, pouco jogou, companheiros dele dizia que a perda de peso e o abatimento era algo visível. No mesmo ano, por pouco jogar, o jogador teve o seu contrato rescindido e disse que iria voltar para Baixada Santista e depois pensaria em sua carreira. Algo escondido, aparentava se confirmar. Gérson de fato, estava doente e tentava lutar contra isso. Foi internado no Hospital Santo Amaro, no Guarujá, no início de 1994, em um estado debilitado. Precisando de dinheiro, o Santos treinador por Serginho Chulapa organizou um jogo beneficente para arrecadar fundos para o seu tratamento.
Mesmo assim, Gérson não suportou e acabou falecendo no dia 17 de maio de 1994, vítima de toxoplasmose.
Até hoje, ninguém tem ao certo se Gérson portava mesmo o vírus HIV. Embora os laboratórios de Porto Alegre afirmem.
Para registro, quando Gérson faleceu sua esposa Andreia, estava grávida da 3ª filha. Dias depois de sua morte, nasceu Tainá, que o jogador não a conhecera.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

OS INTERINOS VENCEDORES DO FLAMENGO

Via de regra, nunca é normal, você iniciar uma competição com um treinador interino. Mas devido as circunstâncias, a utilização dessa figura peculiar do futebol acaba tendo espaço. Mas e quando um técnico interino ou "tapa buraco" começa a encaixar o time e dar uma cara e um formato de jogo, fica sem jeito da direção do clube procurar um treinador com mais bagagem, principalmente se esse time for o Flamengo.
Como o blog aqui é especializado em relembrar assuntos e temas históricos do esporte. Também é histórico, o sucesso de treinadores interinos vencedores no Flamengo. Jayme de Almeida, um homem sereno de 60 anos, ex-zagueiro do Flamengo, é mais um que amanhã poderá entrar para esse seleto grupo.
A história é longa, mas eu vou começar quando o Jayme de Almeida, se chama somente "Jaime" e ainda jogava na defesa do time rubro-negro. Joubert Meira já havia sido treinador interino do Flamengo nos anos de 1969 e 1972, mas somente em 1973 ganhou de forma definitiva o cargo e foi o treinador que efetivou jogadores como Zico, Júnior, Geraldo e o próprio Jaime. Conquistou o Campeonato Carioca de 1974, sobre o Vasco, o campeão brasileiro daquele ano. Sem grandes títulos de expressões, tem um destaque especial na história do Flamengo, por ter revelado Zico, o maior ídolo da história do clube.

De Joubert, vamos viajar alguns anos e ir até 1981. Com a demissão do treinador Dino Sani, e Nelsinho Rosa ter recusado treinar o time. Paulo César Carpegiani que jogara no time até 1980, e ter sido auxiliar do treinador anterior, assumiu o cargo interinamente. Só que foi o interino muito vencedor. Venceu a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes de 1981. Encaixou um time com ideais que vinha de Claudio Coutinho, e formou um dos times com o futebol mais vistoso da história, que tinha o craque Zico, Adílio, Nunes, Leandro, Mozer, Júnior. Ainda venceria o Campeonato Brasileiro de 1982, contra o Grêmio. Após sua saída em 1983, rodou o mundo e se tornou um grande treinador, passou por grandes clubes do Brasil. E levou a boa seleção paraguaia a Copa do Mundo de 1998. Já renomado e com muita bagagem, voltaria ao Flamengo no ano 2000, mas não obteve o mesmo sucesso.

Seguindo a nossa viagem ao tempo, nos deparemos em 1985, quando Sebastião Lazaroni assumia o clube e seguiria de forma definitiva no cargo. Não teve muito no destaque no clube, conquistou somente um Campeonato Carioca, em 1986. Mas ele foi importante para o início da carreira dos jogadores: Jorginho, Aílton, Aldair e Bebeto, jovens promessas na época. Deixou o clube, passou por Vasco, Al-Ahli, Grêmio, Paraná Clube. Até ser contratado em 1989, como treinador da Seleção Brasileira e fracassar na Copa do Mundo de 1990, ficou marcado após isso e caiu no ostracismo.
Outro interino, muito vencedor no Flamengo, se chama Carlinhos, que possuía um apelido carinhoso "Violino". Foi um grande jogador do Flamengo, com um carreira histórica com títulos e pelo fato de nunca ter sido expulso. E ganhou notoriedade também como treinador. Teve duas passagens curtas como interino, em 1983 e 1987. Após a demissão de Antônio Lopes, no mesmo ano de 1987, Carlinhos assumiu o time e foi levando o Flamengo para a conquista da Copa União, o que corresponde ao tetracampeonato do rubro-negro carioca. Um time forte, com grandes jogadores técnicos, destaque para o sucesso da dupla de ataque Bebeto e Renato Gaúcho. Carlinhos deixaria o Flamengo, no ano seguinte, mas permaneceria no clube, até assumir novamente em 1991. Sem medalhões e aproveitando uma boa promissora geração do Flamengo, venceu o Campeonato Carioca daquele ano, e conquistaria sob a batuta do mestre Júnior, novamente o Brasileirão do ano seguinte. Carlinhos, voltaria a ser usado de forma interina, em 1999, com a saída do treinador Evaristo de Macedo. Como questionar um técnico, que se sagraria novamente campeão carioca daquele ano, e ainda venceria a Copa Mercosul, contra o poderoso Palmeiras. Carlinhos ainda venceria o Campeonato Carioca de 2000, e com problemas cardíacos, deixaria definitivamente o Flamengo. Aonde em 2011, seria homenageado com um busto na sede da Gávea(totalmente justo).

A história se torna mais recente e chega em Andrade, outro treinador com origens do clube e que já havia sido utilizado como interino em 2004 e 2005. Se tornou auxiliar de Cuca, em 2009, e após a saída do treinador, assumiu a equipe que meses mais tarde se sagraria campeã brasileira, com uma arrancada liderada por Adriano e Petkovic. Apesar do título brasileiro, uma crise interna em 2010, resultaria na demissão do treinador. Que após treinaria Brasiliense, Paysandu e Boa Vista, mas sem nenhum sucesso.

Portanto, Jayme de Almeida amanhã poderá entrar para esse grupo e quem sabe ser lembrado por um texto, só não pode repetir a mesma história de outro interino que também disputou uma final de Copa do Brasil, mas não venceu. Se trata de Sebastião Rocha, assumiu o Flamengo de forma interina em 1997, os bons resultados foram o mantendo no cargo, mas o gol de Carlos Miguel, aos 34 do 2º tempo, o impediu de ser campeão. Sebastião Rocha ainda foi mantido como técnico para o Campeonato Brasileiro, até ser substituído por Paulo Autuori, quando a diretoria entendia que o time precisava de um treinador gabaritado.
Amanhã é o dia Jayme, o dia de fazer história.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

ACONTECEU EM 2003...

O ano era 2003. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomava posse pela 1ª vez como presidente do Brasil. Saddam Hussein era capturado pelos EUA. Bruna Marquezine emocionava o país com a personagem de Salete, na novela Mulheres Apaixonadas. A cantora Luka explodia nas paradas de sucesso com a música "Tô Nem Aí". E você deve estar se perguntando o que isso tem de haver com esporte. Pois é, também em 2003, o Palmeiras disputava a Série B. Competição na qual acompanhei de perto.
A temporada palmeirense se iniciou em janeiro, mas desde então a grande prioridade do ano, era o retorno a Série A. O torcedor vivia algo inédito, tudo muito novo, e não tinha exatamente do que aquilo tudo representava. O mesmo torcedor acostumado a conviver com decisões e títulos, se via em um lugar, em que na qual ele jamais imaginaria estar.
Depois de ser eliminado pelo Corinthians, na semi-final do Paulistão, daquele ano. O Palmeiras também foi eliminado de forma vexatória para o Vitória, na Copa do Brasil. Ali se encerrava o prelúdio da torcida, e se iniciava a grande caminhada que duraria sete meses até o retorno a Série A.
Contrariando o plano inicial da Série B, que seria em modelo de pontos corridos, como trazia a tabela anexa ao Guia do Campeonato Brasileiro, da revista Placar, que eu compraria no mês de março. A tabela foi alterada e com outro formato, com 23 rodadas em turno único, se classificando os 8 primeiros colocados, que seriam divididos em 2 grupos de 4, na qual passariam 2 de cada, e que disputariam um último quadrangular final, em que os 2 melhores conquistavam a tão pelejada vaga pra Série A.
Como vocês viram, não seria fácil, e não foi.
O Palmeiras iniciou a competição patinando, nas 3 primeiras rodadas foram 2 empates e 1 derrota.Ao invés de fazer parte do pelotão de cima, o alviverde figurava na parte de baixo da tabela. Aumentando ainda mais o drama do seu torcedor. Depois engatou uma série de 10 jogos sem perder, sendo ela 7 vitórias e 3 empates. O torcedor já confiava mais no time, e percebia que havia uma mudança, no time treinado por Jair Picerni. Vágner Love, jogador  revelado na base do clube, era o destaque. A série seria encerrada, em uma derrota para o Remo, no Mangueirão. Após isso o Palmeiras não perderia mais na fase de classificação.
Outra sequência de jogos sem perder, dessa vez de 9 jogos, com 6 vitórias e 3 empates.
Conforme o planejado o Palmeiras se classificaria em 1º lugar, enfrentando no grupo com Santa Cruz, Sport Recife e Brasiliense. O aproveitamento foi muito bom, 5 vitórias em 6 jogos. Apenas 1 derrota, para o Sport Recife, a única derrota no Palestra Itália, em toda competição.
Com outra classificação em 1º lugar. O torcedor palmeirense enchia o Palestra Itália, fazendo a maior festa. Mas por mais que a confiança paira-se, restava mais 6 jogos, faltava pouco e ao mesmo tempo, muito para o acesso.
O inicio do quadrangular, seria contra o Botafogo, no improvisado Caio Martins. Empate de 1-1, gols de Vágner Love e Dill. A segunda rodada seria no Palestra Itália, copado, em uma quarta-feira à noite, algo raro. Vitória pelo placar mínimo, gol do zagueiro Daniel.
O terceiro jogo seria em Marília, contra o time local, no Bento de Abreu. Com praticamente a maior torcida a favor, o Palmeiras foi superior e venceu, 0-2, gols de Lúcio e Muñoz.
No dia 15 de novembro, outro jogo contra o Marília, outra vitória pelo mesmo placar do jogo anterior. Em uma noite de Palestra Itália copado, o Palmeiras venceu com gols de Baiano e Lúcio. E somente não subiu naquele dia, porque o Sport havia vencido o Botafogo, na tarde daquele sábado.
Só faltava apenas 1 ponto, restando 2 jogos. O Palmeiras enfrentaria o Sport, mas longe da Ilha do Retiro. Devido a perda de mando do time do Recife, a partida seria no Gigante do Agreste, na cidade de Garanhus. Curiosamente terra natal de certidão do presidente Lula, citado no início do texto.
O jogo porém, foi um dos mais dramáticos da competição. Com um gramado bem ruim e um jogo bem truncado. O Palmeiras começou perdendo, com um gol do zagueiro Gaúcho, uma cobrança de falta com pancada, na qual se ouviu o barulho da rede. Em seguida Adãozinho é expulso pelo árbitro Heber Roberto Lopes. O drama do torcedor aumenta. Eu lembro até hoje, que eu e meu irmão discutíamos, enquanto assistíamos a tudo aquilo. E só paramos quando o Magrão empatou o jogo. Mesmo com um jogador a menos, o Palmeiras conseguiria fazer o 2º gol com o atacante Edmílson. Além de confirmar o acesso, também naquele dia se concretizava o título.
No dia 22 de novembro, após 370 dias do rebaixamento, o Palmeiras regressava a elite do futebol brasileiro.
Uma semana depois, o Palmeiras encerraria, diante de um Palestra Itália copado, sua participação naquele campeonato. O adversário seria o Botafogo, outro time que também confirmou o acesso. Foi uma tarde para deixar o torcedor satisfeito, além de ver o time levantar a taça, viram uma goleada de 4-1, gols de Vágner Love, por 2 vezes, Magrão e Pedrinho. Almir descontou para o Botafogo.

10 anos depois, o Palmeiras se vê na mesma situação. Novamente disputando a Série B, e novamente fazendo uma campanha com conforto para o acesso. Amanhã, diante de um Pacaembu copado, contra o São Caetano deverá confirmar o retorno a Série A.



Em pé: Leonardo, Edmílson, Gláuber, Diego Souza, Marcos e Magrão.
Agachados: Adãozinho, Élson, Lúcio, Baiano e Vágner Love.



Abaixo a relação de jogos do Palmeiras, na Série B de 2003:


Fase de Classificação

26 de abril - Brasiliense 1-1 Palmeiras - Iranildo - Vágner Love.
 3 de maio - Palmeiras   1-1 América/Rn - Vágner Love - Elton.
10 de maio - Náutico    2-1 Palmeiras - Kuki e Jorge Henrique - Thiago Gentil.
17 de maio - Palmeiras 4-0 São Raimundo- Diego Souza(3x) e Daniel.
24 de maio - Caxias do Sul 1-4 Palmeiras - Helinho - Vágner Love(2x) e Anselmo(2x).
31 de maio - Palmeiras 1-1 Crb - Anselmo - Marquinhos.
7 de junho - Santa Cruz 2-2 Palmeiras - Neto e Roberto Santos - Alceu e Vágner Love.
14 de junho - Palmeiras 5-0 Mogi Mirim - Vágner Love(3x), Magrão e Muñoz.
21 de junho - Palmeiras 0-0 Botafogo.
28 de junho - América/Mg 0-3 Palmeiras - Alceu, Daniel e Anselmo.
5 de julho - Palmeiras 2-1 Joinville - Vágner Love, Lúcio - Didi.
12 de julho - Anapolina 1-2 Palmeiras - Patrik - Vágner Love e Pedrinho.
19 de julho - Palmeiras 1-0 Londrina - Vágner Love.
26 de julho - Remo 2-1 Palmeiras - Valdomiro e Gian - Pedrinho.
2 de agosto - Paulista 1-2 Palmeiras - Amaral - Edmílson e Thiago Gentil.
9 de agosto - Palmeiras 4-3 Portuguesa - Adãozinho, Pedrinho, André e Daniel - Marcos Denner(2x) e Ricardo Lopes.
16 de agosto - Ceará 1-1 Palmeiras - Sérgio Alves - Baiano.
23 de agosto - Palmeiras 5-1 União São João - Diego Souza, Edmílson, Vágner Love, Alceu e Muñoz - Fabinho.
30 de agosto - Palmeiras 2-2 Sport - Élson e Muñoz - Gaúcho e Vágner Mancini.
6 de setembro- Marília 1-2 Palmeiras - Zé Luís - Muñoz e Vágner Love.
13 de setembro- Palmeiras 2-2 Gama- Diego Souza e Edmílson - Émerson e Adriano.
20 de setembro - Avaí 1-6 Palmeiras - Celso - Leonardo, Edmílson(3x) e Diego Souza(2x).
27 de setembro- Palmeiras 2-1 Vila Nova - Edmílson e Thiago Gentil - Weslley Brasília.

2ª  Fase

4 de outubro - Santa Cruz 1-3 Palmeiras - Aílton - Magrão, Edmílson e Vágner Love.
7 de outubro - Palmeiras 3-2 Brasiliense - Leonardo, Edmílson e Lúcio - Iranildo e Romerito.
11 de outubro - Sport 1-2 Palmeiras - Cléber - Leonardo e Vágner Love.
18 de outubro - Palmeiras 2-3 Sport - Vágner Love e Edmílson - Gáucho, Weldon e Cléber.
21 de outubro - Brasiliense 1-2 Palmeiras - Iranildo - Adãozinho e Diego Souza.
25 de outubro - Palmeiras 2-0 Santa Cruz - Baiano e Pedrinho.

Quadrangular Final

1º de novembro - Botafogo 1-1 Palmeiras - Dill - Vágner Love.
5 de novembro - Palmeiras 1-0 Sport - Daniel.
8 de novembro - Marília 0-2 Palmeiras - Lúcio e Muñoz.
15 de novembro - Palmeiras 2-0 Marília - Baiano e Lúcio.
22 de novembro - Sport 1-2 Palmeiras - Gaúcho - Magrão e Edmílson.
29 de novembro - Palmeiras 4-1 Botafogo - Vágner Love(2x), Magrão e Pedrinho - Almir.

Abaixo um vídeo sobre a reportagem do jogo do acesso:




terça-feira, 22 de outubro de 2013

MARCELINHO CARIOCA - O HERÓI E O VILÃO

Meus caros leitores e leitoras. Vivemos em uma semana  de Copa do Brasil, e nela há um grande jogo, com um histórico elevado, Grêmio vs Corinthians. Esse confronto, além de ser um grande clássico do futebol nacional, já protagonizou por duas vezes, a decisão da própria Copa do Brasil.
Nas duas decisões, teve um personagem incomum, o polêmico e conhecido por todos, Marcelinho Carioca.
A 1ª parte dessa história foi escrita, em 1995. Marcelinho Carioca, já tinha um ano vestindo a camisa do Corinthians, já carregava a fama de pé de anjo, porém não sabia o que era ser campeão. O próprio torcedor corintiano, sofria com esse drama. Faziam 5 anos, que o alvinegro de Parque São Jorge não levantava um taça.
Essa história dramática se desenrolou durante a campanha da Copa do Brasil. O Corinthians eliminaria o Operário/Ms, Rio Branco/Ac, Paraná Clube e o Vasco, nas semi-finais, até enfrentar o Grêmio de Felipão, nas finais que seriam disputadas em duas partidas.
No 1º jogo, em  Pacaembu lotado. O Corinthians começaria pressionando, mas só encontraria o gol, nos minutos finais da 1ª etapa, com um gol do atacante Viola. No 2º tempo, o Grêmio empataria o jogo com o Luis Carlos Goiano, mas aos 26, uma falta frontal a favor do Corinthians mudaria o jogo. Ele, Marcelinho Carioca ajeita a bola com carinho e com cobra com perfeição, deixando Danrlei, totalmente estático.
Com a vitória de 2-1, no 1º jogo, o Corinthians jogava por um simples empate para se sagrar campeão. O clima do Olímpico Monumental, naquela época, era muito hostil, comparado a jogar na Argentina. Mas apesar disso e de um jogo bem conturbado, Marcelinho Carioca em um lance de puro oportunismo fez o único gol da partida e confirmou o título da equipe treinada por Eduardo Amorim. Marcelinho Carioca escrevia seu nome como herói de uma conquista pelo Corinthians, o clube mais marcante de sua carreira.



 Dois meses depois, o Corinthians venceria o Campeonato Paulista. E o Grêmio se sagraria campeão da Copa Libertadores.

Seis anos se passaram, e estávamos em 2001. Marcelinho Carioca vivia outra fase excelente na sua carreira, tinha sido decisivo na conquista do Paulistão, daquele ano. E novamente se confrontaria com o Grêmio, em mais uma final de Copa do Brasil.
O Grêmio não era mais treinado por Felipão, mas tinha um time aguerrido como tanto e até mais técnico, treinado por Tite, em seu 1º ano na frente de uma grande equipe.
Dessa vez, a 1ª partida seria no Olímpico Monumental. Marcelinho Carioca em um chute que contava com desvio de Marinho, para vencer o goleiro Danrlei, para abrir o placar. Müller ampliaria para Corinthians, no início do 2º tempo. Porém o Grêmio em sua imortalidade, foi atrás do resultado e acabou empatando o jogo, com 2 gols do atacante Luis Mário.
A grande decisão seria jogada no Morumbi, no dia 17 de junho, aniversário de Zinho, que jogaria aquela decisão sendo absolutamente decisivo para o tetracampeonato do Grêmio, uma das maiores partidas que eu vi ele fazendo. Aliás, todo Grêmio fez uma partida exuberante, um verdadeiro show diante de um Corinthians favorito e jogando com 80 mil vozes ao seu favor.
Zinho é quem cobra o escanteio para o gol de cabeça do zagueiro Marinho. E quem no começo do 2º tempo, recebe o passe Marcelinho Paraíba( fruto de uma atrapalhada do zagueiro João Carlos), para fazer o 2º gol do tricolor gaúcho. Eu não sei em que local do campo, estava Zinho, quando o Ewerton diminui para o Corinthians, tentando iniciar uma reação. Mas eu sei que é ele quem tabela com Fábio Baiano, que em seguida toca para Marcelinho Paraíba definir o jogo e aquela conquista, que jamais o torcedor gremista irá se esquecer.



Marcelinho Carioca, por sua vez, fez um jogo bem apático, pouco ajudou o time, esbarrando na boa marcação do Grêmio. Dias depois, estourava um assunto polêmico, envolvendo Marcelinho Carioca e o treinador do Corinthians naquela decisão, Vanderley Luxemburgo. A polêmica havia se iniciado na madrugada antes da decisão, com motivos nunca bem esclarecidos até hoje, por ambas as partes. Após alguns meses de uma longa queda de braço contra Luxemburgo e boa parte do elenco. Marcelinho Carioca terminaria sua longa história no Corinthians, deixaria o clube pela porta dos fundos, e meses depois seria contratado pelo Santos. Retornaria em 2006, mas em uma passagem totalmente sem brilho.

Portanto, é isso. Amanhã teremos novamente um outro confronto entre essas duas equipes, e torcemos para que seja um jogo que entre para história, como os citados aqui.

Para registro: Apenas Marcelinho Carioca e Danrlei estiveram em campo nos 4 jogos decisivos de 1995 e 2001. Paulo Nunes jogou as duas de 1995, e pertencia ao Corinthians em 2001, porém não atuou nenhuma das duas partidas.

Curiosamente, a conquista da Copa do Brasil de 2001, foi o último grande título de expressão do Grêmio.
Por esse motivo, foi escolhido este vídeo, que você pode ver abaixo:


domingo, 20 de outubro de 2013

UM TREINADOR E UM DRAMA...

Copa do Mundo de 2002, era o 1º mundial na Ásia, e o meu 3º mundial. Um adolescente que sempre amou futebol, principalmente esse torneio para o planeta. 
Como sempre faço, meses antes de uma Copa do Mundo, me enfio em pesquisas, compro revistas-guias, e assisto tudo que é relacionado. E confesso que ainda em 2001, me fascinei vendo um país se classificando para o Mundial do ano seguinte. Um futebol rápido, vistoso e que sempre fazia você torcer a favor. A seleção na qual, era Senegal, treinada pelo francês Bruno Metsu. 
Curiosamente e especialmente, a estréia de Senegal seria contra a atual campeã mundial na época, a França, país de origem do treinador da seleção africana.
Naquela manhã, do dia 31 de maio, eu acordava para ver aquele jogo. A França sem seu principal jogador, Zinedine Zidane, sofreria contra aquele rápido time de Senegal, que venceria o jogo, com um gol de Bouba Diop. Confirmava uma das maiores zebras da história das Copas, e mostraria ao planeta, que aquele time poderia ir longe. Nos outros 2 jogos da chave, Senegal empataria contra Dinamarca(1-1) e Uruguai(3-3). Se classificaria para as oitavas de final, como 2ª colocada, e eliminaria a Suécia, na prorrogação, em um jogo dramático. 
Senegal chegaria as quartas-de finais, repetiria um feito conquistado somente por uma seleção africana, Camarões, na Copa do Mundo de 1990. Em um jogo difícil contra a Turquia, o time sofreria um gol nos minutos finais, e acabaria sendo eliminado. Confesso, que na hora fiquei muito triste. Senegal, perdeu a chance de fazer história e enfrentar o Brasil, nas semi-finais. 
Se encerrava ali, o único momento de deslumbramento de Bruno Metsu. Todos pensavam que o seu trabalho seria mais procurado, e seria visto em grandes equipes e seleções, foi totalmente contrariado.
O treinador foi para o mundo árabe, dirigindo equipes e seleções. Em julho do ano passado, Al Wasl demitiria o polêmico Diego Maradona, e o contrataria para substitui-lo. Porém a descoberta de um câncer no cólon, e com a doença se espalhando pelos pulmões e fígado. 
Apesar do tratamento, Bruno Metsu não resistiu. Na última terça-feira, acabou falecendo. Encerrando sua história, mas seguirá sempre lembrado por aquela seleção de Senegal.

Meus sinceros sentimentos.  

Abaixo, um vídeo do gol da  vitória de Senegal sobre a França, na estréia do Mundial de 2002. 



quinta-feira, 19 de setembro de 2013

HÁ PRATICAMENTE 10 ANOS, EM OUTRA "FINAL ANTECIPADA"...

Meus caros leitores e leitoras. É do conhecimento de todos vocês, que o grande jogo dessa semana, foi a "final antecipada" entre Cruzeiro vs Botafogo, diante das campanhas que ambas equipes estão fazendo pelo Campeonato Brasileiro.
O jogo de ontem(18 de setembro de 2013), vencido pela equipe mineira(3-0, gols de Nilton e Júlio Baptista), além de deixar o campeonato praticamente com um campeão, me fez remeter a minha mente, para uma outra "final antecipada", a do Campeonato Brasileiro de 2003, que também tinha o Cruzeiro como protagonista dessa decisão.

Era um sábado, 20 de setembro de 2003, uma tarde agradável no Mineirão com 65 mil torcedores. Cruzeiro e Santos faziam o jogo mais esperado do campeonato. Ambos empatados com 58 pontos, lideravam o campeonato, o time celeste era o 1º colocado, pelo critério de saldo de gols.
Além de ser o jogo mais esperado, foi sem dúvida o melhor jogo do campeonato. O Cruzeiro possuía um super time liderado pelo craque Alex, e contava com Aristizábal, Maldonado, Cris e o grande técnico Vanderley Luxemburgo. O Santos, além de ser o atual campeão brasileiro e vice-campeão da Libertadores, era treinado pelo polêmico treinador Emerson Leão, e contava com Robinho, Fábio Costa, Léo, Elano, Diego lesionado, desfalcava a equipe naquele jogo.
Como era de costume, em jogos no Mineirão, o Cruzeiro foi para pressão inicial logo nos primeiros minutos. Aos 14 minutos, André Luis fez pênalti em Wendel, que foi convertido pelo colombiano Aristizábal. Após o 1º gol, o Santos foi pra cima e teve chances com Robinho e Alex, ambas defendidas pelo goleiro Gomes. Pelo lado do Cruzeiro, Alex regia o ataque, que teve chances com Cris e Aristizábal, ambas concluídas no travessão.
Na segunda etapa, a partida fica quente, quando Fabiano desfere uma cotovelada em Wendel, e o árbitro Heber Roberto Lopes aplica o cartão vermelho ao meia santista. O treinador Emerson Leão fica revoltado, deixa a área técnica para protestar e também é expulso, dando início a uma grande confusão na lateral do gramado. Durante essa confusão, o Cruzeiro aproveita e faz 2 gols em 4 minutos, aos 24 com Felipe Melo, e aos 28 novamente com Aristizábal, ambos em vacilos da defesa santista. Com 3-0, no placar e um Mineirão enlouquecido, foi se esperando o final do jogo.
Ao final da partida, o Cruzeiro abriria 3 pontos do Santos, e se isolava na liderança do Campeonato Brasileiro, sem mais confronto direto com o peixe, o título já se tornava realidade, pela campanha totalmente regular do time celeste. Embora muitos, achavam que não estava definido.
Portanto, dois meses após aquele grande jogo. O Cruzeiro se sagraria campeão brasileiro de 2003, com um aproveitamento ainda mais superior, do aquele no dia 20 de setembro.

10 anos se passaram, novamente o Cruzeiro liderando um campeonato com amplo favoritismo, e novamente, no mesmo Mineirão, enfrentaria uma "final antecipada", só que dessa vez contra o Botafogo, de Seedorf, Jefferson, Lodeiro, Rafael Marques e do experiente treinador Oswaldo de Oliveira.
Por mera coincidência, na mesma semana do dia 20 de setembro, só que no dia 18. E também pela mesma semelhança no placar, com 3-0. Abrindo uma vantagem ainda maior na liderança, e ficando perto do título.

Para registro: Renato, volante que atualmente joga pelo Botafogo, jogou a partida de ontem e também jogou pelo Santos, a "final antecipada" de 2003.

Abaixo, um vídeo com uma reportagem daquele grande jogo, no dia 20 de setembro de 2003:







domingo, 8 de setembro de 2013

A HISTÓRIA RECENTE DO "FURACAONISMO"

Quando aconteceu a  demolição do antigo estádio Joaquim Américo,  ela seria o 1º marco da construção da Arena Baixada. Esse período duraria, cerca de 18 meses, até sua inauguração no dia 24 de junho de 1999.
A Arena da Baixada seria o início de uma nova era para o Atlético/Pr, conhecido por Furacão em 1949-por conseguir 11 goleadas consecutivas-50 anos depois, o time voltaria a conviver com esse "status".
Durante aquele o Brasileirão de 1999, jogar contra o Atlético/Pr era algo muito complicado e difícil. O time comandado pelo treinador Vadão, contava com um ataque forte, formado por Kleberson, Adriano Gabirú, Lucas, Kléber Pereira e Kelly. E dentro do estádio, foram 10 jogos, 6 vitórias, 3 empates, e apenas uma única derrotas. 2 goleadas, como as vitórias sobre o São Paulo(4-1), e Santos(3-0).
Com uma campanha ruim, fora da Arena da Baixada, o Atlético/Pr terminou a fase de classificação, em 9º lugar. Mas ela seria compensada, após isso, na Seletiva para Libertadores, torneio que daria uma vaga para a Libertadores de 2000, e que contava com os times eliminados do Brasileirão 1999.
O Atlético/Pr eliminaria em jogos mata-mata: Portuguesa, Coritiba, Internacional, São Paulo e por último faria a final contra o Cruzeiro, na qual venceria os dois jogos, e conquistaria o passaporte para disputar a Libertadores, a sua 1ª na história.
A Libertadores de 2000, traria um fato curioso. Palmeiras e Corinthians venderiam a maior parte dos direitos de transmissão para a Psn. Sendo assim, Bandeirantes e Globo, emissoras da tv aberta, que televisionavam a competição, passariam alguns jogos do Atlético/Pr. E o torcedor de outra região do país, fora do estado do Paraná, como no meu caso, teria o prazer de ver alguns jogos do Furacão, e era de fato um Furacão. O Atlético/Pr que seguia comandado pelo treinador Vadão, e que contava com boa parte do elenco de 1999, seria o 2º melhor time da fase de classificação(atrás somente do América de Cali), com 16 pontos, 5 vitórias, e apenas um único empate. Nas oitavas de finais, o time enfrentaria o Atlético/Mg, seria derrotado no Mineirão, por 1-0. E faria um excelente jogo, na partida de volta na Arena da Baixada, com um começo massacrante, abriria 2-0, em 10 minutos. O prenúncio de uma goleada, não confirmaria, e o time há 10 minutos do fim, sofreria um gol de Marques, que levaria o jogo para a decisão de pênaltis, na qual o Furacão seria eliminado.
Mesmo com uma eliminação precoce, o técnica e o conjunto daquele time proporcionava um futebol vistoso, que me deixou naquele noite triste por aquela eliminação. A simbiose entre o time, a torcida e a Arena da Baixada era praticamente perfeita.
Um ano e meio depois, e sob comando do treinador Geninho e com ainda alguns jogadores dos anos anterioresO Atlético/Pr faria uma excelente campanha no Brasileiro de 2001. 2º melhor colocado na fase de classificação, o time eliminaria o São Paulo nas quartas, Fluminense nas semis, e venceria as duas finais contra o São Caetano.
Alex Mineiro, seria o nome daquela grande conquista, a 1ª de grande expressão da história do clube, e novamente com a Arena da Baixada, sendo o 12º jogador, de 16 jogos no estádio, foram 12 vitórias, 3 empates e uma única derrota.





O Atlético voltaria a conviver com o "status" de Furacão, em 2004, durante o Brasileirão. O time novamente contava com um ataque arrasador, formado por Jadson, Fernandinho, Denis Marques e Washigton. Dagoberto se machucou durante a competição, e acabou perdendo a vaga para Denis Marques. Mesmo assim a equipe acabou deixando escapar o título praticamente ganho, para o Santos, nas últimas rodadas.
No ano seguinte, o time disputaria novamente a Libertadores(pela 3ª vez), chegaria a final, sendo derrotado pelo São Paulo. Mas o time daquele ano, sofrera um desmanche, em relação ao do ano anterior, e acabou não sendo tão "Furacão" assim.
Após 2005, o Atlético Pr começou a sofrer e passou a não figurar mais nas grandes competições. De repente a Arena da Baixada, se tornava o único grande jogador, e depois nem mais. Tanto é, que no ano de 2011, o time acabou sendo rebaixado para a Série B e no mesmo dia, se desligaria da Arena da Baixada, nos próximos 3 anos.
Com sofrimento e longe de casa, o Atlético/Pr conseguiu o acesso para a Série A no final de 2012. E nesse ano, abdicaria do Estadual, e criava dentro de muitos(inclusive a mim), um time confuso. No mês de julho, após a saída do treinador Ricardo Drubscky era o 19º colocado. Com a chegada do treinador Vagner Mancini o time iniciou uma longa sequência invicta, uma identidade com um estádio caldeirão, a Vila Capanema e culminou com uma arrancada histórica e uma vaga no G4 do Campeonato Brasileiro. Além de eliminar o Palmeiras, pela Copa do Brasil. E se ouvia nas arquibancadas:"O Furacão voltou..."
Atlético/Pr vivendo o seu "furacaonismo" novamente, e novamente sem grandes jogadores de expressão e de destaque, como a história sempre conta. E sendo temido pelos grandes clubes do Brasil, como a história já contou em outros capítulos, não muito distante.

Abaixo, um vídeo sobre o momento máximo do "Furacão" no início dos anos 2000:



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O QUE VOCÊ FAZIA, HÁ 10 ANOS?

Caros leitores e leitoras. Hoje vou fazer uma pergunta, o que vocês faziam há exatos 10 anos?
Sim, o ano era 2003. Esse ano eu descobri coisas novas, algumas que vou guardar em sigilo, e outras experiências que compartilharei, como começar a trabalhar, estudar no período noturno, e ver o meu time do coração jogar a cruel e torturável Série B.
Para refrescar sua memória, foi o 1º ano do Presidente Lula no Brasil, Luka estourava nas rádios com o hit "Tô Nem Aí", e os Estados Unidos aprisionavam o temível Saddam Hussein. Lembrou?
Pois o goleiro que atualmente defende a Portuguesa, sabia muito bem o que ele fazia há exatos 10 anos.
Na partida de ontem pelo Campeonato Brasileiro, a Portuguesa perdia para o Flamengo, no Mané Garrincha, por 1-0. Quando aos 47 do 2º tempo. Lauro atravessou o gramado para tentar um cabeceio em um córner a favor da Lusa, e guardou o gol.
O fato curioso dessa história, é que no dia 3 de agosto de 2003. O Flamengo jogava contra a Ponte Preta, no Moisés Lucarelli, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. E o Rubro-Negro vencia, por 0-1, com um gol de Fábio Baiano, até os 53 do 2º do tempo. Quando o mesmo Lauro empatou o jogo. Fato raro e no mínimo, muito curioso. Agora faltam vocês dizer, o que vocês faziam, há 10 anos atrás?

Abaixo um vídeo, com o gol feito pelo Lauro, no dia 3 de agosto de 2003:



Confesso que curto demais, quando um goleiro vai pra área adversária e faz um gol, exceto do Hiran, em 1997.

Abaixo uma lista de alguns goleiros que também entraram para história por marcarem gols nos minutos finais.

Muñoz, pelo América do México - Superar o feito do goleiro Moisés Muñoz, do América-MEX, vai ser difícil. Em maio deste ano, na decisão do campeonato mexicano contra o Cruz Azul, faltando menos de um minuto para terminar a partida, o América tinha um jogador a menos, e Muñoz partiu para a área adversária para marcar o gol da virada (2 a 1). O resultado forçou uma prorrogação, já que a vantagem era do adversário, que tinha vencido a primeira partida por 1 a 0. Mais 30 minutos de jogo e a decisão foi para os pênaltis. Muñoz defendeu duas cobranças, e o América foi campeão.

Palop, pelo Sevilla- Em 2007, em partida válida pela antiga Copa da Uefa, o goleiro Palop virou herói ao marcar um gol de cabeça nos últimos minutos da partida entre Sevilla e Shakhtar Donetsk. O time ucraniano vencia por 2 a 1, e os espanhóis precisavam empatar para forçar a prorrogação. Palop foi para a área do adversário e marcou de cabeça o gol de empate. Com uma virada considerada histórica, o Sevilla acabou ganhando a prorrogação por 1 a 0 e ficando com a vaga para as quartas de final daquela edição do torneio.

Hiran, pelo Guarani e Santo André- Hiran, que já defendeu Guarani, Internacional e Atlético-MG, entre outros clubes pelo Brasil, gosta de se gabar dos seus feitos. E ele já foi feliz em duas oportunidades: em 1997, marcou um gol sobre o Palmeiras, que empatou o jogo em 3 a 3 no finzinho; e em 1999, quando repetiu a dose pelo Santo André, em duelo contra o Juventus na Série A2 do Paulistão. Só que acabou levando um gol na saída de bola, enquanto comemorava o seu. No início deste ano, Hiran demonstrou o desejo de ser reconhecido pelo Guiness (Livro dos Recordes), pois acreditava ser o único goleiro do mundo a marcar dois gols de cabeça. Não é bem assim, Hiran.

Peter Schmeichel, pelo Manchester United- Um dos maiores goleiros da década de 1990, Peter Schmeichel merece um lugar de destaque em qualquer lista que relacione goleiros-artilheiros. Ao logo de sua carreira, o dinamarquês marcou 13, quase sempre com a bola rolando. Um deles, uma bicicleta meio desajeitada, aos 44 minutos do segundo tempo da partida entre Manchester United e Rotor Volgograd, da Rússia, pela temporada 1995/96 da antiga Copa da Uefa. O jogo terminou 2 a 2, resultado que eliminou o Manchester.

Fernando Leal, pelo Oeste- goleiro do Oeste de Itápolis virou herói ao marcar de cabeça, aos 48 minutos do segundo tempo, o gol que livrou seu time da derrota para o Avaí, em partida válida pela Série B do Brasileirão em maio deste ano. Fernando admitiu após a partida que não é muito de fazer essas coisas, mas que “Deus o abençoou”.

Saulo, pelo Sport Recife- O goleiro já fez parte da lista das comemorações que deram errado, mas ele não poderia ficar fora desta. Afinal, Saulo marcou o gol da vitória do Sport sobre o Vitória de Santo Antão aos 45 minutos do segundo tempo. O saldo negativo foi que na comemoração pelo feito ele acabou se machucando. A partida aconteceu em 2011, pelo Campeonato Pernambucano.

Óscar Perez, pelo Cruz Azul- Óscar Perez é mais um goleiro que escreveu seu nome na história do Campeonato Mexicano ao marcar, de cabeça, no último lance do jogo, o gol que empatou a partida entre Estudiantes Tecos e Cruz Azul. O interessante  é que o goleiro tem apenas 1,71m de altura. Para os torcedores, aquele foi um gol que salvou a dignidade do time.

Eduardo, pelo Atlético/Mg- Em 2002, o goleiro do Bangu marcou um gol de cabeça contra o Fluminense, que levaria os alvirrubros à decisão do Supercampeonato Carioca, mas que acabou anulado pela arbitragem sob a alegação de um toque de mão. No ano seguinte, já no Atlético Mineiro, o arqueiro mostrou que aquele lance não era de mero oportunismo, ao garantir uma vitória sobre o Juventude, também de cabeça.




terça-feira, 23 de julho de 2013

"SIR" EVER ALMEIDA

Ever Almeida é uma daquelas pessoas, que nasceram simplesmente para fazer história. Esse uruguaio, naturalizado paraguaio, de 65 anos, está perto de entrar para história da Copa Libertadores da América.
Ever se for campeão amanhã. Se tornará o 7º treinador a conquistar a Copa Libertadores, como jogador e como treinador.
E toda essa história se iniciou, em 1967, quando o goleiro começou a jogar no Cerro de Montevidéu, anos depois foi transferido para defender o Guaraní do Paraguai. Em 1973, Ever se transferiu para o Olimpia, aonde de fato começaria a escrever uma longa e respeitada história no clube. Foram 18 anos, aonde se tornaria titular absoluto da camisa 1 e ídolo da torcida. Uma longa trajetória dessas e com tamanha idolatria, não poderiam faltar títulos, e não faltaram. Ever conquistou 10 campeonatos paraguaios(1975, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, 1983, 1985, 1988 e 1989) 2 Libertadores da América(1979 e 1990), e um Mundial de Clubes(1979, vencendo por 2 vezes o Malmö, da Suécia), uma Copa Interamericana(1979), uma Supercopa e uma Recopa, ambas copadas em 1990.
Perto do final de sua carreira, e com a idade avançada, Ever sofria com algumas lesões. Mesmo assim suas defesas, foram peças fundamentais para disputar suas últimas três Libertadores, chegando até as finais. Em 1989, defendendo dois pênaltis(um no tempo normal e outro nas cobranças), ele ajudaria a eliminar o Internacional na semi-final, em um Beira Rio lotado. Porém seria derrotado na final. Conquistaria o seu último grande título, contra o Barcelona de Guayaquil, vencendo a Libertadores de 1990.

 No ano seguinte, e perto de completar 43 anos, Ever encerraria sua carreira de jogador, após perder a Libertadores de 1991, para o Colo-Colo.
Após escrever sua história no Olimpia, como jogador. Resolveu iniciar sua carreira de treinador, e seria no Nacional de Assunción, em 1992. No ano seguinte, assumiria o comando do clube aonde foi ídolo, o Olimpia, e também em 1993 seria campeão paraguaio. Teria também passagens sem muito destaques nos clubes paraguaios Sportivo Luqueño e Sol de América, antes de assumir a seleção paraguaia em 1999, que disputaria como anfitriões a Copa América. Sem sucesso na seleção, voltaria ao Sol de América no ano 2000 e viria sua carreira de treinador declinar indo trabalhar no futebol guatemalteco, aonde foi tricampeão nacional com o Muncipal. Anos mais tardes ingressaria no futebol equatoriano, aonde trabalharia no El Nacional e no Barcelona de Guyaquil, conquistando 2 títulos nacionais, um por cada equipe.
Em 2008, retornaria ao Olimpia, sem obter sucesso e questionado, saiu em 2009 e voltou para aonde iniciou a carreira de treinador, o Nacional. Sem conquistas no futebol paraguaio, Ever aceitou o convite para ser treinador da modesta seleção da Guatemala, aonde ficaria até o início desse ano, aonde receberia pela terceira vez a chance de regressar ao clube de coração, o Olimpia.
Com diversos problemas e com um histórico recente ruim, Ever Almeida iniciou um trabalho árduo e sem grandes pretensões. Aos poucos e devagar encontrou uma forma do time jogar e agora está perto de conquistar sua 3ª Libertadores, a 4ª do Olimpia. Veremos se a história terminará de ser escrita amanhã.



Para registro:

 Ever Almeida esteve presente(como jogador ou treinador) em todas as finais da Libertadores, que o Olimpia disputou. Exceto 1960 e 2002.

Apesar de possuir um grande histórico como jogador. Ever Almeida nunca disputou uma Copa do Mundo. Ele foi cortado do Mundial de 1986, devido uma lesão.

terça-feira, 16 de julho de 2013

O HISTÓRICO ENTRE ATLÉTICO/MG VS OLIMPIA, PEQUENO, PORÉM JÁ DECISIVO...

Quando a Libertadores começou, vários times eram considerados candidatos ao título. Inclusive Atlético/Mg e Olimpia. O clube paraguaio, atravessa uma fase financeiramente muito complicada, mas a sua camisa e sua história na competição, aliado ao "coperismo" do treinador Éver Almeida, e com muita raça, chegaram na final. O Atlético/Mg, se tornou um time muito qualificado em 2012, chegou com algumas dúvidas se isso seria colocado na competição sul-americana, mas colocou, o time fez a melhor campanha na fase de grupos, e com várias doses de muito drama, também chegou a final.
Olimpia volta a jogar uma final de Libertadores, após 11 anos. E o Atlético/Mg disputará sua 1ª final.
Mas as duas equipes, já se enfrentaram na maior competição do continente. Tudo começou na Libertadores de 1972, pela frase de grupos(além das duas equipes, São Paulo e Cerro Porteño, completavam a chave). No jogo do Mineirão, o placar não saiu do zero. E em Assunción, o jogo foi pegado, tanto é que o galo mineiro terminou a partida com apenas 6 jogadores em campo, o cotejo terminaria empatado, em 2-2. Ao final, nenhum dos times se classificou para a próxima fase.
Nove anos depois, em 1981, Atlético/Mg e Olimpia voltaria a medir forças novamente na mesma chave(juntamente com o Flamengo e Cerro Porteño). Na partida em Assunción, empate em 0-0. Jogando no Mineirão, o Atlético/Mg venceu por 1-0. O Olimpia seria eliminado ainda na 1ª fase. O Atlético/Mg jogaria uma partida desempate contra o Flamengo, no Serra Dourada, na qual terminou em uma batalha campal.
Mas as duas equipes já decidiram uma competição sul-americana, e no caso, era a 1ª edição da extinta Copa Conmebol, criada e 1992, sendo usada como exemplo da Copa da Uefa.
A conquista foi o 1º título internacional do Atlético/Mg, que era treinado por Procópio Cardoso e liderado pelo grande goleiro João Leite que enfrentavam nos dias 16 e 23
de setembro, o tradicional Olimpia, que vinha de um recente histórico de decisões continentais, treinado pelo argentino Roberto Perfumo e que tinha o experiente goleiro e também argentino, Goycoechea, que havia feito história na Copa do Mundo de 1990.
No 1º jogo, no Mineirão, vitória do Atlético/Mg, debaixo de uma forte chuva e com 2 gols do meia Negrini, ambos de raro oportunismo. No jogo da volta, a partida foi disputada no acanhado estádio Manuel Ferreira, com intenção de alçapão para os paraguaios, porém, não foi suficiente. O Olimpia só marcou já nos acréscimos do 2º tempo, com o atacante Caballero, em um gol sem ângulo. Mesmo sendo derrotado por 1-0, o Atlético/Mg se sagrou o 1º campeão da Copa Conmebol.
A partir de amanhã, o quarto capítulo desse confronto e mais importante, começa a ser escrito. Não sabemos ainda o final, mas temos a certeza que será digno da história das duas equipes.

Abaixo, um vídeo com imagens e relatos de algumas partidas do Atlético/Mg na conquista da Copa Conmebol 1992:


terça-feira, 2 de julho de 2013

O DIA EM QUE A BANDEIRA ANA PAULA DE OLIVEIRA, SE APOSENTOU...

Caros leitores e leitoras. Após o final da Copa das Confederações, retomamos a velha e boa rotina do futebol brasileiro e suas competições. Uma delas é a Copa do Brasil, que se encontra em sua 3ª fase. E nela há um jogo que na mesma competição possui um um polêmico histórico confronto, Botafogo vs Figueirense, que se enfrentam amanhã no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda.
Em 2007, precisamente no dia 23 de maio. A partida era pelo jogo de volta das semi-finais da Copa do Brasil, daquele ano. Em um Maracanã repleto de alvinegros, o Botafogo teria a missão de reverter um resultado difícil. No jogo de ida, o Figueirense havia vencido por 2-0, jogando no Orlando Scarpelli.
O time do Botafogo era treinado pelo técnico Cuca, e contava com os experientes jogadores: Lúcio Flávio, Jorge Henrique, Dodô, Zé Roberto e André Lima.
Com uma missão complicada e empurrado pela torcida, o Botafogo foi pra cima desde o início. Logo aos 12 minutos, Joílson arrisca de fora da área, Wilson permite o rebote, e Zé Roberto manda pras redes, gol legal. Porém a bandeira Ana Paula de Oliveira anulou, e começava a  ouvir da torcida botafoguense os gritos de "piranha". 3 minutos depois, o mesmo Zé Roberto novamente pegando um rebote, faz e desta vez é validado. Aos 26, Lúcio Flávio cobraria uma falta, Vagner faria o 2º, mas novamente foi anulado pela bandeira, que novamente era "elogiada" no Maracanã. No final da primeira etapa, André Lima faria o 4º gol do Botafogo, até então, o 2º que seria validado.


Os cariocas eram superiores na partida, e voltaram para o 2º tempo, dispostos a garantir a classificação. Mas não conseguiam transformar as chances em gols. Até que aos 43 da etapa final, Cleiton Xavier arriscaria de longe e o goleiro Júlio César engoliria um frango, calando o Maracanã, e mostrando a todos uma cena marcante do mesmo goleiro e do treinador Cuca chorando. O Botafogo ainda faria o 3º, em um gol contra do zagueiro Vinícius. Mas pelo gol qualificado, e por uma noite desastrosa da bandeira Ana Paula de Oliveira, o alvinegro carioca seria eliminado.
Após o jogo, as declarações do dirigente do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro em tom machista dizia:"Não vejo mulheres em Copa do Mundo, não vi mulher na final da Liga dos Campeões, nem nas decisões mais importantes pelo mundo". Abalaria a carreira da bandeira.
Após esse acontecimento, a bandeira Ana Paula de Oliveira, seria afastada pela comissão de arbitragem da Cbf, por 15 dias. Em julho, daquele mesmo ano, a bandeirinha posaria nua na revista masculina Playboy, sendo a capa do mês. Após esse ensaio e com alguns problemas físicos, Ana Paula de Oliveira deixaria os gramados, se tornado jornalista.



terça-feira, 25 de junho de 2013

BRASIL VS URUGUAI, SUAS HISTÓRIAS E SEUS DRAMAS...

Amanhã, no novo estádio do Mineirão. Brasil e Uruguai se enfrentarão, pela semi-final da Copa das Confederações,  novamente em um jogo decisivo. Esse confronto é marcado, por diversos momentos históricos, inclusive uma final de Copa do Mundo.
Era um 16 de julho, um domingo qualquer, mas aquele não seria qualquer. Brasil e Uruguai, já haviam se enfrentado por diversas vezes, na tradicional Copa América. Mas naquele dia, fariam a final da Copa do Mundo, no antigo e na época, novo Maracanã, que estaria entupido de torcedores, quase 200 mil pessoas.
Uruguai e Brasil chegavam a 3ª e última rodada, com as melhores campanha do quadrangular final. 
A seleção brasileira precisava somente de um simples empate, para se sagrar pela 1ª vez campeã do mundo. Saiu na frente, no início do 2º tempo, com Friaça, mas não suportaria a raça uruguaia, e sofreria a virada com gols de Schiaffino e Ghiggia. Os uruguaios liderados pelo caipitão Obdulio Varela se sagrariam bicampeões mundiais, deixando uma enorme tristeza no povo brasileiro e marcando para sempre a vida do goleiro Barbosa. Tragédia essa conhecida, por "Maracanazo".

20 anos depois, Brasil e Uruguai voltariam a se enfrentar em uma Copa do Mundo. Dessa vez, em uma semi-final. Nesse período de tempo, o futebol brasileiro havia mudado e se tornado glorioso. Já havia ganho duas Copas do Mundo, e possuía um excelente time e contava com o maior jogador de todos os tempos, Pelé.
Naquele 17 de junho de 1970, em Guadalajara. E o Uruguai abriria o placar com o Luis Cubilla. Sem querer voltar a sentir o gosto de 20 anos atrás, a seleção brasileira viraria com gols de Clodoaldo, Jairzinho e Rivellino. Nesse jogo Pelé protagonizou, dois lances, vistos até hoje pelos amantes do futebol. O 1º foi quando o rei entrou na área do Uruguai, driblando o goleiro Mazurkiewicz, sem tocar na bola, o arqueiro tenta voltar ao gol, para impedir o feito, juntamente com o zagueiro Ancheta, porém a bola passa vagarosamente para fora. O outro foi quando o próprio Mazurkiewicz, cobra mau um tiro de meta, e Pelé o pega com um chute de primeira, por sorte do goleiro, ele ainda conseguiu se recuperar, encaixando a bola. O Brasil vingava 1950, passaria para a final, aonde se sagraria, tricampeão mundial.

Brasil e Uruguai se ausentaria, por quase 20 anos de grandes confrontos. Voltando a se enfrentar novamente no Maracanã, e um quadrangular decisivo, mas pela Copa América de 1989. Os uruguaios possuíam um time forte que contava com Francescoli, Rúben Paz, Alzamendi. Já o Brasil, treinado por Sebastião Lazaroni tinha jogadores sem grandes destaques, mas com uma dupla de ataque que nos seguintes seria de grande sucesso, Bebeto e Romário. E foi de Romário o gol da vitória, se antecipando ao goleiro Ceoli. Tirando um jejum de 19 anos, sem títulos da seleção brasileira.

4 anos depois, o mesmo Maracanã, o mesmo Romário, e o mesmo Uruguai, se enfrentariam em um jogo que não valeria troféu, nem final de Copa do Mundo, mas sim uma vaga para o Mundial de 1994.
No dia 5 de setembro, atendendo o povo, Carlos Alberto Parreira, temendo ver a seleção brasileira fora de uma Copa do Mundo, pela primeira vez na história. Convocaria o baixinho, para o jogo decisivo das Eliminatórias. Ele atravessaria o Oceano Atlântico, para fazer os 2 gols da vitória do Brasil sobre os uruguaios, em um jogo espetacular.


Após isso, Brasil e Uruguai seguiria se enfrentando em Copa América.
Perderia decisão da edição de 1995, em Montevidéu, na decisão por pênaltis. Venceria, por 3-0, na final de 1999, no torneio disputado no Paraguai. E ainda eliminaria a Celeste Olímpica, por duas vezes de forma consecutivas, nos pênaltis. Tanto em 2004( no Peru), como em 2007( na Venezuela).

As Eliminatórias para Copa do Mundo, também era um torneio, aonde as duas seleções faria jogos históricos. Inclusive na estréia da primeira passagem do treinador Felipão, em 2001. Quando foi derrotado pelos uruguaios, no Centenário, com um gol de pênalti marcado por Magallanes.
Em 2009, o Brasil goleou o Uruguai, no estádio Centenário, por 4-0, quebrando um jejum de 33 anos sem vencer a Celeste Olímpica, em seu território.

Para registro, a estréia do antigo Mineirão. Brasil enfrentaria e venceria o Uruguai, por 3-0. Detalhe, é que era o Palmeiras com Djalma Dias, Djalma Santos, Dudu, Servílio, Ademir da Guia, que vestiriam a camisa canarinho, no dia 7 de setembro de 1965.


Abaixo, um vídeo com os melhores momentos das final da Copa América de 1989. Com o Marcelo Rezende, que trabalhava na Globo, conversando no orelhão do Maracanã, com os pais de Taffarel. Vejam:



terça-feira, 18 de junho de 2013

SPURS - GREGG POPOVICH E TIM DUNCAN, UMA HISTÓRIA DE AMOR

A temporada da Nba 2012/2013 pode terminar hoje, com Popovich e Tim Duncan conquistando juntos, o 5 º anel. E tudo se iniciaria há 17 anos com Gregg Popovich assumindo o comando da equipe, no ano de 1996. Retornando ao time, pois havia sido assistente técnico do Larry Brown entre 1988-1992. O treinador tinha ambições, e elas foram se tornando reais, com a chegada de Tim Duncan, draftado em 1997, ano em que foi eleito o melhor jogador universitário. Ambos formariam uma longa era de seguidos sucessos e grandes recordes.
Não demoraria muito para que Popovich e Tim Duncan conquistassem o 1º anel. Juntamente com David Robinson, Duncan formou a famosa dupla "Torres Gêmeas", arrasando na temporada 1998/1999, varrendo os Lakers, os Blazers nos playoffs e derrotando os Knicks nas finais. Duncan seria o Mvp das finais e iniciava uma era vitoriosa na franquia do Texas.
Após 3 anos, de total sucesso dos Lakers de Phil Jackson, Kobe Bryant e Shaquille O'Neal. O San Antonio voltaria a fazer uma excelente temporada. Em 2002/2003, novamente Tim Duncan seria o destaque nos playoffs, sendo novamente Mvp das finais, derrotando o New Jersey Nets, temporada essa que já se contava com Tony Parker e Manu Ginóbili.
Em 2004/2005, os Spurs enfrentaria o atual campeão Detroit Pistons, nas finais. Uma série espetacular, que só seria decidida no sétimo jogo. Novamente com Tim Duncan, sendo decisivo, e sendo pela 3ª vez Mvp das finais. Posto somente conseguido pelas lendas Michael Jordan, Magic Johnson e Shaquille O'Neal.
O feito já era espetacular, e tornaria ainda mais na temporada 2006/2007. Se classificando na 3ª colocação da Conferência Oeste, na temporada regular. Os Spurs enfrentaria nos playoffs: Denver Nuggets, Phoenix Suns, e Utah Jazz, sem precisar forçar um jogo 7. Nas finais, enfrentariam o Cleveland Cavaliers, do promissor LeBron James, páreo fácil. Varrida clássica, com Tony Parker se tornando o Mvp das finais, e o 1º europeu a conquistar esse prêmio.
Após 6 anos, de uma série de fracassos. A atual temporada dos Spurs, foi fantástica. Com Tim Duncan, Tony Parker e Manu Ginóbili jogando com uma frieza e uma qualidade merecida de chegar nas finais. Finais, contra o Miami Heat, de um antigo conhecido, LeBron James.
Nas próximas horas, poderemos ver os Spurs escreverem outro capítulo dessa história. A história que também é de Tim Duncan e Gregg Popovich.